Encantos da
Alma (18/11/2012)
1.ª hora: Canções de embalar (Global)
“Tal como os lamentos fúnebres, as
celebrações dos casamentos, os cantos do trabalho e a música ritual, também as canções
de embalar datam de tempos imemoriais. Intimamente e quase exclusivamente
ligadas a experiências femininas (as mães, naturalmente, mas também as avós, as
tias, as amas…), as canções de embalar constituem o primeiro contacto das
crianças com a música; mas é, também, o amor e a linguagem do coração que são
transmitidos através destas canções, destinadas a acalmar as crianças e a
conduzi-las serenamente ao sono.
Em termos musicais, as canções de
embalar, sejam quais forem as suas proveniências, mostram um certo número de
similaridades: versos simples, refrões baseados em cantos onomatopaicos, um
número limitado de sequências melódicas que podem ser repetidas e ritmos suaves
e monótonos para ajudarem as crianças a adormecer. A origem dos textos pode ser
extremamente diversa: a promessa de um objeto ou de um brinquedo, a referência
ao regresso de um pai ausente, a incorporação de temas religiosos, a evocação
de circunstâncias próprias e pessoais dos intérpretes, sobretudo quando as
crianças ainda não dominam a linguagem, etc.
Das dezenas de discos dedicados às
canções de embalar que ouvimos (“The Planet Sleeps”, “Cuban Lullaby”,
“Brazilian Lullaby”, “African Lullaby”, “Latin Lullaby”, “Mediterranean
Lullaby”, “World Lullabies”, “World Music for little ears”, “Lullabies for a small world”, “Traditional
Lullabies” de Nikos Kypourgos e Savina Yannatou, “Ninna Nanna”, de Montserrat
Figueres, entre outros), retirámos oito autênticas pérolas, que, ao longo dos
anos, têm ajudado as crianças a adormecer.”
(1) Françoise Atlan/Juan Carmona (Espanha) (7) Nana del cariño (2:09) “Falla/Lorca: Spanish popular songs”
“O grupo Malandança, especializado
na música medieval, foi fundado na Galiza
(Espanha), em 2000, a partir da proposta de Francisco Luengo, o diretor da banda,
que decidiu contactar vários músicos que conhecia para fazer um concerto de
música medieval, sem saber se essa iniciativa teria ou não continuação.
Constituídos
por sete elementos, os Malandança cantam, contam e tocam guitarra mourisca,
cítola, harpa, violas e várias percussões. As réplicas que utilizam foram construídas
sobretudo por Luengo, a partir dos instrumentos representados no Pórtico da
Glória da Catedral de Santiago de Compostela (século XII) e das esculturas da
Sé capitular do Pazo de Xelmírez (século XIII), à exceção da guitarra mourisca,
que foi feita a partir de uma das miniaturas presentes no Códice b. 1.2, do
mosteiro do Escorial.
Os Malandança têm apenas editado o disco
“Unha noite na corte do Rei Alfonso” (2001 Clave Records), gravado na
Igreja de Santa Maria de Viceso (Galiza), no qual constam sete cantigas de
Santa Maria. Fazendo parte de uma coleção de 426 obras dedicadas à Virgem,
estas cantigas foram escritas em galaico-português na segunda metade do século
XIII, por volta de 1250-80, sob a direção do então rei de Castela, Afonso X, o
Sábio (1221-1284). Pela sua coerência temática e formal, pela sua homogeneidade
estilística, pelo seu número e até pela beleza dos próprios manuscritos que as
contêm (alguns deles com luxuosas miniaturas), esta coleção tornou-se num
fenómeno particular na história da música medieval e constitui o cancioneiro
com mais variedade de temas acerca da Virgem Maria em toda a Europa”.
(01) Cantiga 10: Rosa das rosas (3:30)
(03) Cantiga 7: Santa María amar devemos
(6:15)
(05) Cantiga 323: Ontre todalas vertudes
(13:04)
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