Encantos da Alma 12/05/2013)
1ª
hora: Stephan Micus
(Alemanha)
“O multi-instrumentalista alemão Stephan Micus,
viajante incansável desde a mais tenra idade, percorreu o planeta em busca dos
mais exóticos sons do mundo. Aprendeu, simultaneamente, a tocar uma grande
quantidade de instrumentos, a maior parte deles desconhecidos no ocidente
europeu. Desde o seu primeiro trabalho "Archaic Concerts" (1977, Virgin) até "Panagia"
(2012, ECM), Stephan Micus tem manipulado, com contenção e assinalável valor
artístico, uma variedade assinalável de instrumentos pertencentes a diversas
culturas e tradições musicais do nosso planeta. Da audição das sucessivas
gravações de Micus, deduzimos a preocupação de exprimir musicalmente uma vontade
de aproximar culturas e expressões até há pouco estanques e ignoradas.
A instrumentos tão exóticos quanto fascinantes como
o "shakuhachi", a "dilruba", o "sho", o
"sinding", o "bolombatto", o "rabab", entre
muitos outros, que tem tocado ao longo dos anos, Stephan Micus acrescentou
ultimamente, entre outros, o "maung" (40 gongos afinados de Burma), a
"bagana" (a lira antiga da Etiópia), o "dondon" (tambor do
Ghana), o "Kyeezee" (sinos de Burma usados em cerimónias budistas) ou
o "ki un ki" (instrumento de sopro usado pela tribo dos Udegeys, da
Sibéria). A intenção de Micus nunca foi a de tocar esses instrumentos da
maneira tradicional, antes aproveitar novas possibilidades musicais que sinta
que tem cada instrumento. Na maioria das suas composições, Micus utiliza vários
instrumentos que nunca foram combinados. Por outro lado, Stephan Micus utiliza
as técnicas mais avançadas para gravar as vozes que aparecem nos seus discos,
criando harmonias mágicas que envolvem as suas composições como um perfume. O
resultado são belos diálogos que refletem fielmente a sua visão global e sem
fronteiras da música.
A audição dos seus discos tem constituído uma
experiência encantatória: orações transcendentais, cânticos de elevação,
rituais e transes que desfilam hipnoticamente rumo aos nossos sentidos;
sonoridades do oriente árabe e asiático que se cruzam harmoniosamente com
liturgias gregas, canto gregoriano e cerimónias budistas; sopros do vento e da
alma das florestas africanas que entroncam em vozes celestiais. Um espaço imaginário
emerge algures do fundo dos tempos...”
(05) For M'schr and Djingis Khan (6:24) “Implosions”
(01) Earth (6:24) “The Garden of Mirrors”
(06) Part 6 (8:46) “The Music of Stones”
“Desde 711, quando os Árabes começaram a sua
ocupação no sul de Espanha, emergiu uma nova era no campo do conhecimento. O
sul da Península Ibérica tornou-se um exemplo único de tolerância, trocas e
coexistência das culturas muçulmana, judaica e cristâ. Origina-se, assim, uma
fusão cultural que ainda hoje pode ser reconhecida em várias áreas, desde a
arquitetura às ciências e da medicina à música.
A Orchestra Arabo-Andalusa di Tangeri (Marrocos), no projeto "Incontro a Tangeri", parte
de elementos comuns que as culturas musicais árabe, cristã e judaica
conservaram durante mais de mil anos, com a esperança de que o novo milénio
perpetue esta experiência. A alma de "Incontro a Tangeri" é a música andaluza, isto é, o património
musical que se desenvolveu na Idade Média espanhola e que se transmitiu, até
aos nossos dias, por via oral e o que as escolas de Fez, Meknes, Tetuão e
Tânger, que nasceram depois da expulsão dos árabes da Península Ibérica,
seguem.
"Incontro a Tangeri" está subdividido em quadros
musicais, compostos por fragmentos, partes e estrofes de 3 nubas andalusas
cantadas pelo marroquino Younes Chadigan, de romances sefarditas cantados por
Esti Kenan Ofri (uma israelita de origem italiana, membro dos Kol-Tof) e de
peças da música antiga cristã cantadas por Stefano Albarello, o italiano que
lidera o Ensemble Cantilena Antiqua. Os arranjos de Jamal Ouassini, o
marroquino que dirige a Orchestra Arabo-Andalusa di Tangeri, permite momentos livres que levam os três cantores
a evidenciar o encontro das três culturas (cristã, judaica e árabe) e a sua
origem comum, uma completa experiência espiritual de aproximação e de diálogo
entre civilizações.”
(03) Secondo Quadro
(7:08)
(06) Quarto Quadro part.
1 (7:32)
(07)
Quarto Quadro part. 2 (11:13)
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