Encantos da Alma (10/02/2013)
1ª
hora: Idjah Hadidjah (Indonésia)
“A maior parte dos géneros musicais populares da
Indonésia são baseados noutros, exteriores ao país, como o rock ocidental, a
música pop e fusão, a música de filmes indianos e a popular do Médio Oriente;
usam, ainda, instrumentos do Ocidente e não têm quaisquer laços de ligação a
regiões específicas indonésias. Porém, nos anos 70 do século passado, surgiu um
novo estilo de música popular e de dança, totalmente indonésio, conhecido por
Jaipongan. Trata-se de um género musical inteiramente regional e tradicional,
revelando pouca ou nenhuma influência do ocidente, que abarca fraseados
musicais que conduzem, ao mesmo tempo, a movimentos de dança eróticos e
humorísticos; o acompanhamento musical é, naturalmente, dominado por percussões
exuberantes e altamente dinâmicas.
O Jaipongan teve origem na região de Sunda, a oeste
da ilha de Jara, é cantado na linguagem sundanesa e usa instrumentos e idiomas
musicais e coreográficos da tradição desta região indonésia. Desenvolveu-se
graças, sobretudo, à ação do compositor, arranjador, produtor e coreógrafo
Gugum Gumbira, que durante grande parte da sua vida se dedicou à recolha dos
elementos tradicionais existentes nas vilas e cidades do oeste da ilha de Java.
Partindo de outras formas musicais como o Ketuk Tilu, o Kliningan e o Topeng
Banjet e da utilização de vários instrumentos das orquestras de gamelões,
nomeadamente as gongas e os metalofones, aos quais juntou uma grande bateria de
tambores, Gugum, rodeado de um grupo de músicos e dançarinos, rapidamente criou
um conjunto de canções para serem dançadas e tocadas em palco para uma
audiência. Nascia um estilo exuberante, dramático, inteiramente contemporâneo,
o primeiro regional a tornar-se rapidamente aceite fora do seu local de origem.
Depois de Gugum Gumbira, talvez seja Idjah Hadidjah
a mais importante representante da música sundanesa. Fazendo-se acompanhar pelo
grupo Jugala, revela-se no álbum “Tonggeret”, talvez o registo mais
significativo da música Jaipongan.”
(02) Bayu-bayu (3:44)
(04) Hiji Catetan (8:09)
(05) Arun Bandung (7:11)
2ª
hora: Les Fin’Amoureuses
(França/Holanda)
“Atraídas
pela música modal, a holandesa Nannette van Zanten e a francesa Nathalie
Waller, a quem se junta, mais tarde, Emmanuelle Drouet (francesa de origem
judaica), formaram Les Fin’Amoureuses, explorando, desde 1990, a música
medieval, em particular a dos países mediterrânicos, bem como canções
tradicionais francesas e judaico-espanholas, a maior parte delas recolhidas no
Império Otomano do séc. XIX.
Através do musicólogo Vladimir Ivanoff, o búlgaro que dirige os Vox e os Sarband, Les Fin’Amoureuses descobrem os salmos Huguenotes, escritos em 1562, traduzidos em turco pelo músico da corte otomana Bobowsky, também conhecido por Ali Ufki (1610-1675). Apesar de marcadas pela cultura protestante, Les Fin’Amoureuses embrenham-se no saltério Huguenote (composto por 150 canções sacras ou poemas e orações destinadas a ser cantadas), um tesouro musical da Renascença, meio caminho entre música popular e arte.
Através do musicólogo Vladimir Ivanoff, o búlgaro que dirige os Vox e os Sarband, Les Fin’Amoureuses descobrem os salmos Huguenotes, escritos em 1562, traduzidos em turco pelo músico da corte otomana Bobowsky, também conhecido por Ali Ufki (1610-1675). Apesar de marcadas pela cultura protestante, Les Fin’Amoureuses embrenham-se no saltério Huguenote (composto por 150 canções sacras ou poemas e orações destinadas a ser cantadas), um tesouro musical da Renascença, meio caminho entre música popular e arte.
As canções sefarditas e
turcas, bem como as tradicionais francesas, constituem, então, a base do
trabalho das Fin’Amoureuses; são, no entanto interpretadas livremente, uma vez
que o trio inventa as harmonizações e acompanhamentos e cria a sua própria
linguagem, sem se afastar, contudo, das técnicas e estéticas instrumentais
medievais e barrocas. Com tão vasto repertório, Les Fin’Amoureuses realizaram o
magnífico “Marions Les Roses: chansons & psaumes, de la France à l’Empire Ottoman” (2005 Alpha), registo que aqui em destaque.”
(13) Fel Shara' canet
betétmasha (2:15)
(09) Quand je menais mes
chevaux boire (4:19)
(17) Yo era ninya (5:03)
(05) La galana (3:41)
(14) Alta, alta es la luna (2:36)
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