domingo, 25 de novembro de 2012

73. Terakaft (Tuaregues/Mali) / Vox (Bulgária/Alemanha/…)



Encantos da Alma (25/11/2012)
1.ª hora: Terakaft (Tuaregues/Mali)
Terakaft (que significa "caravana" em Tamasheq, a língua falada pelos tuaregues do norte do Mali) é uma banda genuína do deserto, que faz uma música inspirada no blues, no rock e na tradição tuaregue. Influenciados pelas duras condições do Saara, nomeadamente no uso de riffs selvagens extraídos de guitarras elétricas, os Terakaft tornaram-se na personificação perfeita de tudo que é selvagem e livre nos blues do Norte de África, colocando-se na vanguarda do novo rock desértico, a par de nomes como Tinariwen, Toumast, Tamikrest, Bombino ou Tartit.
Movidos pela necessidade de denunciar a repressão de que os Tuaregues são vítimas nas atuais sociedades do Magrebe, na luta pela autodeterminação do povo nómada e na importância do deserto, um lugar fundamental para os Tuaregues, os Terakaft foram constituídos em 2001 por Kedou Ag Ossad, um membro da formação original dos Tinariwen, e por Sanou Ag Ahmed. Liya Ag Ablil (aka Diara), também membro da primeira formação dos Tinariwen, conhecido pelo seu estilo feroz e apaixonado de tocar guitarra, juntou-se à banda em 2006. Entretanto, Kedou deixou os Terakaft em 2008 e a banda passou a contar, então, com novos elementos.
Os Terakaft gravaram até à data, quatro registos em estúdio: Bismilla, The Bko Sessions (2007, Tapsit), Akh Issudar (2008, Tapsit), “Aratan n Azawad(2010, World Village) e “Kel Tamasheq(2012, World Village). Todos eles nos remetem para viagens ao mais profundo coração do deserto, através de uma perfeita combinação de duas guitarras ritmo (uma para manter a batida e a outra para tocar em crescendo), tons profundos do baixo (trazendo à memória os passos delicados mas fortes de um camelo a galopar) e batimentos pesados e pulsantes da percussão.”
(04) Intidgagen (3:34) “Akh Issudar”
(02) Tenere Wer Tat Zinchegh (4:48) “Akh Issudar”
(07) Amazzagh (3:57) Aratan n Azawad”
(11) Taddaza (3:42) Kel Tamasheq”
(08) Imidiwan Sajdate Ahi (4:19) Kel Tamasheq”

2ª Hora: Vox (Bulgária/Alemanha/…)
“Os Vox, fundados e dirigidos pelo búlgaro Vladimir Ivanoff, o mesmo que nos Sarband (já aqui destacados) se dedica à relação existente entre a música europeia medieval e as culturas musicais do Islão.
Fundados em 1990, os Vox inventaram o conceito de música eletrónica medieval: à parafernália de instrumentos antigos e étnicos (sanfona, trompete árabe medieval, bombarda, alaúde, harpa, órgão de foles, “santur”, entre outros), juntam-se os samplers e os sintetizadores, mas também as vozes femininas inseridas no espírito e nas normas, sempre subjetivas da música da Idade Média.
Em Diadema (Erdenklang, 1990), os Vox encetaram na sacra missão de dar um rosto novo às composições da mística abadessa beneditina, Hildegard Von Bingen; em From Spain to Spain (Erdenklang, 1992), apresentaram as suas versões eletro-ascéticas das Cantigas de Santa Maria, de Afonso X, o Sábio, bem como fragmentos da tradição árabe-andaluz do sul de Espanha; em X Chants (Erdenklang, 1997), reeditado em 1999 sob o título “Divine Rites(Hearts of Space), os Vox elaboraram uma síntese das ideias centrais e dos elementos musicais dos projetos precedentes; e em “Zeitgeist (Indigo, 2000), Ivanoff incluiu composições feitas para a abertura do festival Klangart, juntamente com Oswald Henke, dos "Goethes Erben". Qualquer destes registos representa, sem dúvida, um passo em frente em direção à curiosa “música medieval futurista”, feita à luz das novas tecnologias”.
(05) While the Birds Sing (7:19) “From Spain to Spain”
(05) O sucessores fortissimi leonis (2:14-6:17) (4:07) “Diadema” 
(10) Alleluja (7:46) “X Chants” / Divine Rites”



domingo, 18 de novembro de 2012

72. Canções de embalar (Global) / Malandança (Espanha)



Encantos da Alma (18/11/2012)
1.ª hora: Canções de embalar (Global)
“Tal como os lamentos fúnebres, as celebrações dos casamentos, os cantos do trabalho e a música ritual, também as canções de embalar datam de tempos imemoriais. Intimamente e quase exclusivamente ligadas a experiências femininas (as mães, naturalmente, mas também as avós, as tias, as amas…), as canções de embalar constituem o primeiro contacto das crianças com a música; mas é, também, o amor e a linguagem do coração que são transmitidos através destas canções, destinadas a acalmar as crianças e a conduzi-las serenamente ao sono.
Em termos musicais, as canções de embalar, sejam quais forem as suas proveniências, mostram um certo número de similaridades: versos simples, refrões baseados em cantos onomatopaicos, um número limitado de sequências melódicas que podem ser repetidas e ritmos suaves e monótonos para ajudarem as crianças a adormecer. A origem dos textos pode ser extremamente diversa: a promessa de um objeto ou de um brinquedo, a referência ao regresso de um pai ausente, a incorporação de temas religiosos, a evocação de circunstâncias próprias e pessoais dos intérpretes, sobretudo quando as crianças ainda não dominam a linguagem, etc.
Das dezenas de discos dedicados às canções de embalar que ouvimos (“The Planet Sleeps”, “Cuban Lullaby”, “Brazilian Lullaby”, “African Lullaby”, “Latin Lullaby”, “Mediterranean Lullaby”, “World Lullabies”, “World Music for little ears”,  “Lullabies for a small world”, “Traditional Lullabies” de Nikos Kypourgos e Savina Yannatou, “Ninna Nanna”, de Montserrat Figueres, entre outros), retirámos oito autênticas pérolas, que, ao longo dos anos, têm ajudado as crianças a adormecer.”
(1)  Françoise Atlan/Juan Carmona (Espanha) (7) Nana del cariño (2:09)Falla/Lorca: Spanish popular songs
(2)  Sherrilyne Blakey-Smith (EUA) (2) Yhanaway Hay Yowna (1:16) “The Planet Sleeps”
(3)    Vijay Bharti (Índia) (III.4) Lori (3:40) Ganga: Les Musiques du Gange
(4)    Samira Donya & Alain Aubin (Sudão/França) (4) Mahdiyat (2:10)Mozart in Egypt
(5)     Boukman Eksperyans (Haiti) (13) Mayi A Gaye (2:48) “Kalfou Danjere
(6)     Savina Yannatou (Grécia) (12) Koimatai (2:20) “Traditional Lullabies”
(7)     Floxy Bee (Nigéria) (9) Oluronbi (4:15)African Lullaby
(8)     Stella Rambisai Chiweshe (Zimbabwe) (14) Chitsidzo (3:03)World Music for little ears

2ª Hora: Malandança (Espanha)
“O grupo Malandança, especializado na música medieval, foi fundado na Galiza (Espanha), em 2000, a partir da proposta de Francisco Luengo, o diretor da banda, que decidiu contactar vários músicos que conhecia para fazer um concerto de música medieval, sem saber se essa iniciativa teria ou não continuação.
Constituídos por sete elementos, os Malandança cantam, contam e tocam guitarra mourisca, cítola, harpa, violas e várias percussões. As réplicas que utilizam foram construídas sobretudo por Luengo, a partir dos instrumentos representados no Pórtico da Glória da Catedral de Santiago de Compostela (século XII) e das esculturas da Sé capitular do Pazo de Xelmírez (século XIII), à exceção da guitarra mourisca, que foi feita a partir de uma das miniaturas presentes no Códice b. 1.2, do mosteiro do Escorial.
Os Malandança têm apenas editado o disco Unha noite na corte do Rei Alfonso (2001 Clave Records), gravado na Igreja de Santa Maria de Viceso (Galiza), no qual constam sete cantigas de Santa Maria. Fazendo parte de uma coleção de 426 obras dedicadas à Virgem, estas cantigas foram escritas em galaico-português na segunda metade do século XIII, por volta de 1250-80, sob a direção do então rei de Castela, Afonso X, o Sábio (1221-1284). Pela sua coerência temática e formal, pela sua homogeneidade estilística, pelo seu número e até pela beleza dos próprios manuscritos que as contêm (alguns deles com luxuosas miniaturas), esta coleção tornou-se num fenómeno particular na história da música medieval e constitui o cancioneiro com mais variedade de temas acerca da Virgem Maria em toda a Europa”.
(03) Cantiga 7: Santa María amar devemos (6:15)

domingo, 11 de novembro de 2012

71. Pedro Osório - “Cantos da Babilónia” (Portugal) / Jaramar (México)



Encantos da Alma (11/11/2012)
1.ª hora: Pedro Osório - Cantos da Babilónia (Portugal)
“Maestro, orquestrador e diretor musical, conhecido pelos inúmeros trabalhos desenvolvidos em diversas áreas da música portuguesa, do Fado à Música Clássica ou à Ligeira, ao longo do seu percurso, Pedro Osório colaborou com Carlos Paredes, Sérgio Godinho, Fernando Tordo ou Paulo de Carvalho, entre outros. Natural do Porto, onde estudou Música e Engenharia Mecânica, Pedro Osório começou por formar, no final dos anos cinquenta, um grupo de baile, com o qual esteve até 1966, rumando depois a Lisboa para se juntar à segunda formação do Quinteto Académico, onde participou como pianista. Passou, então, a dedicar-se à orquestração e direção de orquestra e em 1968 formou o Trio Barroco e em 1974 o Grupo Outubro. Participou, ainda, nos projetos “SARL” (1979), “Só Nós Três” (1989) e “Quatro Caminhos” (1996). Em nome próprio, Pedro Osório editou sete registos.
Pedro Osório representou Portugal no Festival da Eurovisão, como chefe de orquestra, em 1975 e em 1984, com os temas “Madrugada” e “Silêncio e Tanta Gente”. Como autor, participou em 1968 com a canção “Verão” e em 1996 com “O Meu Coração Não Tem Cor”, tendo esta última ficado em 6º lugar, a melhor classificação de sempre para uma canção portuguesa. Em 1982, ganhou o prémio da crítica com a música que compôs para a peça “Baal” de Bertolt Brecht.
Em novembro de 2011 publicou o disco “Cantos da Babilónia”, o último da sua carreira, terminada para sempre em 5 de janeiro deste ano (2012). Após dois anos e meio de experiências e de pesquisa, Pedro Osório apresentou, nesse álbum, dez composições repletas de melodiosas combinações de sons, vozes e lugares desconhecidos, baseadas em excertos de cantos tradicionais de diversos lugares de todo o mundo, desde o Quénia ao Vietname, passando pela China ou por Portugal. As peças, fundamentalmente para piano, completam-se com a presença de “instrumentos samplados ou eletrónicos”.



(05) O beijo do sol (Quénia) (3:54)
(07) Mensagem dos espíritos distantes (Japão) (4:46)
(01) Kerekeria (Nigéria) (3:27)
(06) Flores de Pedra (China) (4:59)

2ª Hora: Jaramar (México)
Jaramar é uma cantora e compositora mexicana que se aventurou a viajar por um repertório de canções que vão desde anónimos medievais a composições próprias, em que explora as suas obsessões pela vida, pelo amor, pela paixão e pela morte. Os fios condutores têm sido sempre um espírito permanente de exploração sonora, sobretudo da voz, que, à medida que os anos iam passando, se foi abrindo mais e mais a novas tonalidades e texturas.
Grande parte das canções de Jaramar são heranças da avó, dos pais, de amigos e de livros ou são o resultado de experiências próprias, adquiridas ao longo dos anos; as canções do repertório medieval que Jaramar interpreta abarcam uma “fertilização cruzada” entre as diversas culturas musicais das áreas à volta do Mediterrâneo, sobretudo a judaica e a cristã. Certo é que se torna difícil de classificar a produção musical de Jaramar, uma vez que a cantora abre várias janelas sonoras no seu trajeto musical e não se limita a interpretar um único género. Os críticos, contudo, têm catalogado Jaramar na prateleira da música alternativa ou das “músicas do mundo”, enfatizando nela a convergência de elementos místicos e sensuais, sagrados e profanos, globais e regionais…
Ao longo da vida profissional de Jaramar, a música tem compartilhado espaço, tempo e energia criativa com as artes visuais. Jaramar é também pintora, escultora e ilustradora de livros e isso reflete-se na sua maneira de abordar a criação artística. A propósito, terá afirmado que as suas músicas são concebidas como “quadros sonoros” e que, quando pinta, está a criar “canções visuais”, em ambos os casos contando histórias através de imagens, textos e melodias muito pessoais. Da sua discografia, constam onze registos, incluindo a compilação Travesía (2003). Discos como Entre la pena y el Gozo (2003), Fingir que duermo (2005), Lenguas (2008), Duerme por la noche oscura (2004) ou o recente Fiestas Privadas (2011) fazem de Jaramar uma das mais importantes cantoras das Américas.”
(04) Hija Mia (2:58) “Fingir que duermo”
(01) La última palabra (3:43) “Diluvio”
(16) La Llorona (5:51) Travesía”
(08) Mareta no’m faces plorar (3:37) “Duerme por la noche oscura”
(11) Ay linda amiga (2:25) “Entre la pena y el Gozo”
(03) Palästinalied (5:14) “Lenguas”