domingo, 4 de setembro de 2011

Pausa de Verão!


A emergência das Web rádios trouxe aos utilizadores da Internet a possibilidade de acederem a mais informação, cultura e entretenimento. Amantes da música - em particular das "músicas do mundo", da música antiga (pré-renascentista) e das miscigenações -, resolvemos, então, proceder à fascinante cruzada de a divulgar, através da Net. Surgiu, assim, no domingo à noite, o espaço “EnCantos da Alma”, um lugar de viagens e de cânticos e de sons perdidos no fundo dos tempos, com polirritmos do vento e da chuva, respirações do corpo e do espírito, urros e sussurros, rituais e evocações…
Ao longo de trinta semanas, fizemos outros tantos programas documentados, destacámos sessenta grupos e/ou intérpretes das tendências menos conhecidas (mas, indubitavelmente, das mais interessantes do mundo da música) e fizemos autênticas viagens no tempo e no espaço. Das 21 às 22 horas, por aqui desfilaram as músicas tradicionais de todos os cantos do mundo, desde Tuva ao Mali e desde a etnia Sáami da Lapónia ao povo Saharaui do Sahara Ocidental; das 22 às 23 horas, por aqui passaram, entre outras, as interpretações da música da Antiguidade (Suméria, Egipto, Grécia e Roma), a música do Império Carolíngio e a música medieval (as Cantigas de Santa Maria, os Trovadores, o Llibre Vermell de Montserrat, as Cantigas de amigo, Hildegard von Bingen, Carmina Burana, a música sefardita, os cantos sufis e bizantinos...).
Não podemos deixar de agradecer aos inúmeros ouvintes que nos acompanharam ao longo das emissões e que, com as suas sugestões e críticas, nos foram incentivando a continuar e a melhorar. Do Minho ao Algarve e da Madeira e Açores, da Grécia, Turquia, Suíça, Suécia, Polónia, EUA… enfim, muitos foram os contributos e incentivos que recebemos!
Fazemos agora uma pausa, mas prometemos regressar em finais de Setembro/inícios de Outubro! Reforçaremos a equipa e voltaremos com mais propostas de programas. Por outro lado, melhoraremos os meios técnicos e apresentaremos um novo visual. Esforçar-nos-emos para que possam usufruir de mais oásis que encantem (ainda mais) a alma! Boas férias!

30. Mor Karbasi (Israel/Inglaterra) / Capilla Antigua de Chinchilla (Espanha)

Encantos da Alma (03/07/2011)
 Destaques:
1ª Hora: Mor Karbasi (Israel/Inglaterra)
Mor Karbasi é uma jovem israelita, com raízes familiares distantes na Península Ibérica, em Marrocos e no Irão. Tendo-se radicado no Reino Unido, onde iniciou a sua carreira musical, enveredou por uma carreira parecida com a de Yasmin Levy, que já aqui destacámos. Com efeito, Mor Karbasi tem procurado recriar as canções que os judeus levaram da Península Ibérica e que continuaram a desenvolver, juntando-lhes elementos musicais dos muitos países por onde passaram, desde o norte de África ao Médio Oriente e à Europa central e de leste, depois da expulsão e da fuga à Inquisição. No entanto, Mor Karbasi inclui, também, no seu repertório, composições da sua autoria (em parceria ou não) ou da de Shoshana Karbasi (a mãe), bem como uma canção tradicional da Galiza. Fá-lo em ladino (a língua dos judeus da Península Ibérica), mas também em espanhol, hebraico e, ocasionalmente, em Inglês. Musicalmente, funde a música sefardita com o flamenco e o fado, embora o faça sobretudo com a música pop.
Até à data, editou apenas os álbuns, The Beauty and the Sea(2008 Mintaka) e Daughter of the Spring (2010 Alama). Apesar disso, Mor Karbasi é já uma presença bastante assídua nos principais festivais de world music, tendo já actuado em Portugal, no FMM Sines, em 2009. Agora, chegou a vez de actuar aqui, em Encantos da Alma”.
(01) Roza (4:21) “The Beauty and the Sea”
(11) El Pastor (4:45) “Daughter of the Spring”
(13)  Judia (5:25) “The Beauty and the Sea”
(06)  Morenika Sos (5:09) “Daughter of the Spring”

2ª Hora: Capilla Antigua de Chinchilla (Espanha) 
“O ensemble Capilla Antigua de Chinchilla foi fundado em 2002 em Albacete (Espanha) pelo tenor José Ferrero, com o intuito de estudar a música antiga, sobretudo a albacetense, de a fazer renascer e de a divulgar. Centrando a sua intervenção na realização de concertos e na edição de registos fonográficos, o grupo rapidamente granjeou reconhecimento internacional. As gravações e as actuações da Capilla incluem a música do Cancionero de Afonso X, rei de Leão e Castela (1221-1284), a Paixão Cantada de Chinchilla, obras de Ginés de Boluda (que serviu nas catedrais de Cuenca e Toledo no século XVI), motets e hinos do Renascimento, a música dos peregrinos da Idade Média e o repertório dos judeus sefarditas expulsos da Península Ibérica. 
Da discografia da Capilla Antigua de Chinchilla dedicada à Idade Média, salientam-se os álbuns “Música Medieval Albacetense” (Ars Harmonica, 2008), “Io Son Un Pellegrin: El Caminar En La Musica Medieval” (Columna Música, 2008) e “Endechar: Lament for Spain (Sephardic Romances and Songs)” (Naxos, 2010)”.
(05) Prólogo (5:15) Música Medieval Albacetense
(12) En la mar hay una torre (4:31) “Endechar: Lament for Spain”
(02) Hija mia mi querida (3:17) “Endechar: Lament for Spain”
(12) La rosa enflorese (6:05) “Io Son Un Pellegrin”

29. Susana Baca (Peru) / Ensemble Laude Novella (Suécia)


Encantos da Alma (26/06/2011)
 Destaques:
1ª Hora: Susana Baca (Peru)
“Nascida em Chorrillos (um bairro portuário nos arredores de Lima), onde aos domingos as famílias descendentes de escravos negros se juntavam para comer e tocar as músicas que ouviam na rádio, Susana Baca cedo começou a acompanhar o seu pai nesses concertos improvisados. Tocavam e cantavam cumbias colombianas, tangos argentinos e valsas mexicanas, entre outros géneros da profunda riqueza nascida do encontro de culturas tão distintas como a espanhola, a africana e as americanas nativas.
Explorando e modernizando o património dos descendentes de escravos africanos no Peru e em toda a América Latina, em pouco tempo, Susana Baca tornou-se na embaixadora da música peruana no mundo. Começou por alcançar o reconhecimento internacional através da colectânea "The Soul of Black Peru", editada em 1995 por David Byrne. Hoje, "Susana Baca", "Del Fuego y del Agua", "Eco de Sombras", "Espiritu vivo", "Lamento Negro", "Vestida de Vida", "Travesías" e "Afrodiaspora", algumas das mais importantes obras assinadas pela diva dos pés descalços, são registos conhecidos em todo o mundo.
Cantora brilhante, mas também investigadora, Susana Baca, durante décadas apresentou a música peruana ao mundo. Em finais de Maio deste ano (2011) esteve na Guarda e em Alcobaça, onde mostrou também as músicas de influência africana existentes no Brasil, Colômbia, Venezuela, Porto Rico, Cuba e México. Hoje, está aqui para nos cantar 4 temas dos seus 13 discos editados até à data.”
(01) Canto a Eleggua (3:47) "Vestida de Vida" (1991 Iris Musique)
(03) Hatajo de negritos (9:17) "Del Fuego y del Agua" (1999 Tonga)
(01) De los amores (5:13) "Eco de Sombras" (2000 Luaka Bop)
(03) Heces (2:48) Susana Baca(1997 Luaka Bop)
  
2ª Hora: Ensemble Laude Novella (Suécia)
“Composto basicamente por Ute Goedecke (canto, flauta doce e harpa gótica) e Per Mattsson (rabeca medieval e lira da braccio), o Ensemble Laude Novella tem, no entanto, enquadrado outros músicos, dependendo do programa que escolham. Sediado em Skåne (Suécia), especializou-se na interpretação do repertório medieval e dos inícios da Renascença, sobretudo do período Ars Nova e do século XV, quando os novos sons se tornaram cada vez mais populares.
Desde a sua fundação em 1991, com o regresso a casa de Per Mattsson, proveniente da Schola Cantorum de Basileia, os Laude Novella realizaram regularmente vários programas em diferentes contextos. Concertos em catedrais e em igrejas, em ruínas de castelos e em salas de espectáculos, em escolas e em hospitais, em festivais na Suécia e noutros países e em programas de rádio e de televisão foram fazendo a delícia dos apreciadores das músicas sacra e vernácula, interpretadas pelo Ensemble.
O repertório seleccionado pelos Laude Novella é essencialmente da Europa do Sul, uma vez que não existem muitas fontes de música medieval da Suécia. Ainda assim, o Ensemble tenta incluir nos seus programas música com conexões escandinavas, tais como as canções do Livro Piae Cantiones, impresso em 1582, com raízes musicais provenientes da Idade Média. Dos Laude Novella vamos divulgar 7 temas dos seus 9 discos editados até à data.”
(01) Personent hodie (2:32) “Piae Cantiones”
(05) Par ung jour de matinée (1:39) “Armed men and fair ladies”
(06) Trotto (2:23) “Liten blir Stor”
(16) Jeremiae profetiae (2:04) Slut till Dina öron
(02) Quan ye voy (2:41) “Ce Moys de May”
(13) Tre fontane (4:27) “Den Bakvända Visan”
(14) Saltarello (4:29) “O In Italia”

sábado, 3 de setembro de 2011

28. Sainkho Namtchylak (Tuva) / Zefiro Torna (Bélgica / Finlândia Medieval)


Encantos da Alma (19/06/2011)
 Destaques:
1ª Hora: Sainkho Namtchylak (Tuva)
“Natural de Tuva, Sainkho Namtchylak é uma representante da nova tendência baptizada pela dupla Joseph Celli/Jin Hi Kim como No World, isto é, música contemporânea, criativa e aberta, que abrange jazz avant garde, electrónica e influências da música tradicional. Enraizada na terra, não devido a qualquer propósito conservacionista, mas porque toda a criação musical deve ter em conta o seu passado e a sua geografia, a voz de Sainkho evidencia uma forte componente expressiva, por vezes à beira do sussurro, outras próxima do grito ou do gemido. 
Sainkho utiliza a garganta como um instrumento e é exímia a cantar em overtone. Embora as influências siberianas dominem, exercem impacto na voz de Sainkho as raízes turcas compartilhadas com a Mongólia, os Uigures de Xinjiang e os estados da Ásia Central; os grupos étnicos nómadas da Sibéria e outros grupos minoritários do oeste dos Montes Urais; e as populações provenientes da Ucrânia e Tartaristão estabelecidas em Tuva. A tese de Sainkho, produzida enquanto estudava voz na Universidade de Kyzyl e no Instituto Gnesins em Moscovo, focou-se nas músicas lamaístas e cultas dos grupos minoritários da Sibéria, e a sua música com frequência mostra as tendências do estilo de cantar imitativo do estilo dos Tungus. De Sainkho, vamos passar temas de 6 dos seus discos, a começar pelo novíssimo Cyberia”.
(02) Sagly hadipchidir-la boor… (2:02) “Cyberia” (2011 Ponderosa)
(04) Midnight Blue (2:00) “Naked Spirit” (1999 Amiata)
(07) Kaar Deerge (2:24) “Who stole the sky?” (2003 Ponderosa)
(03) Kaar Deerge Chouvulangnig (4:50) “Time Out” (2001 Ponderosa)
(07) Old Melodie (4:11) “Stepmother City” (2000 Ponderosa)
(01) Tanola Nomads (6:00) “Out of Tuva” (1993 Crammed)

2ª Hora: Zefiro Torna (Bélgica)
Zefiro Torna é um ensemble oriundo da Flandres (Bélgica), cujo nome expressa, de forma alegórica, como o deus mitológico do vento do Oeste, Zephyrus, conseguia sempre expulsar os Invernos frios.
Se bem que tenham editado sete registos, o disco que aqui se destaca é o brilhanteDe Fragilitate: Piae Cantiones (2007 Et’Cetera), uma colecção de cantos escolares e cânticos religiosos provenientes da Finlândia medieval, premiado com o prestigiado Diapason d’Or. De Fragilitate (Hymns from medieval Finland) baseia-se na compilação “Piae Cantiones ecclesiasticae et scholasticae veterum episcoporum”, com 74 canções em latim da Idade Média tardia, reunidas por Jacobus Finno e publicada em 1582 pelo aristocrata finlandês Theodoricus Petri Nylandensi.
Muitas das canções e melodias de “Piae Cantiones” são originárias da Europa Central mas algumas parecem ter sido escritas em países nórdicos. Existe uma controvérsia sobre se a obra total deva ser atribuída à Suécia ou à Finlândia, uma vez que, na altura da publicação, a Finlândia era parte integrante da Suécia.
Apesar de ter sido publicada em 1582, a melodia de Piae Cantiones é medieval por natureza. A tradução finlandesa de Piae Cantiones por Hemming of Masku é considerada a primeira obra de hinos da Finlândia, ainda que Piae Cantiones seja mais um produto da cultura católica medieval que um produto de uma só nação.
Os Zefiro Torna interpretam as Piae Cantiones com réplicas de instrumentos do século XV e são acompanhados, entre outros, pelo finlandês Timo Väänänen (do grupo folk Loituma), no kantele nórdico e pelo Antwerp Cathedral Choir.”
(02) Salve flos et decor (4:16)
(14) Cum Sit Omnis Caro Foenum (3:02)
(06) Personent Hodie (1:30)
(21) Tempus Adest Floridum (1:42)
(15) Scholares Convenite (3:35)
(20) In Vernali Tempore (2:43)
(22) Kaikki maailma riemuitkohon (3:15)

27. Fatoumata Dembélé (Burkina Faso) / Cinco Siglos (Espanha)

Encantos da Alma (12/06/2011)
 Destaques:
1ª Hora: Fatoumata Dembélé (Burkina Faso)
Fatoumata Dembélé nasceu em 1972 no Burkina Faso. Filha de griots, o pai tocador de balafon e a mãe cantora, Fatoumata herdou a tradição dos músicos trovadores e, desde os sete anos, acompanhou a mãe nas cerimónias e nos rituais.
Aos 25 anos, Fatoumata Dembélé empenha-se como griot nas cerimónias, nos rituais e nas celebrações tradicionais, acompanhada por djembes para animações em Dioula, ou por orquestras electrificadas ou tradicionais para animações em mandinga.
A partir de 1999, Fatoumata Dembélé viaja com o grupo Farafina, com quem gravou o disco “Kanou”, e é apreciada, em todo o mundo, pelo seu talento como compositora, cantora e dançarina. Em 2003, Fatoumata fixa residência na Suíça, mas como é uma griot tradicional em primeiro lugar, regressa com regularidade ao Burkina Faso, para participar em várias cerimónias. Em 2004, colabora em “Sira Fila”, registo do grupo Bekadiya, de Mamadou Diabate e em 2006, juntou-se aos Taffetas, com quem editou o disco “Caméléon”. Finalmente, em 2007, é editado N'naniba, o primeiro disco, e único até à data, de Fatoumata Dembélé.”
(02) Diarrabi (generosity) (5:30) N’naniba
(03) Mon jardin secret (6:14) “N’naniba”
(07) Muso (To all women) (6:50) “N’naniba”

2ª Hora: Cinco Siglos (Espanha)
“O grupo Cinco Siglos, proveniente de Córdova, dedica-se à música antiga, especialmente aos repertórios instrumentais anteriores ao século XIX. A trajectória dos Cinco Siglos começou em 1990, arriscando explorar a desconhecida música para instrumentos da Idade Média. Fruto desse trabalho, resultaram sete gravações discográficas: Unos tan dulçes sones… (1995), dedicado aos usos instrumentais da Idade Média, Dansse Real (1996), sobre as peças instrumentais do Chansonnier do Rei; Músicas de la España Mudéjar (1997), acerca das artes instrumentais na Baixa Idade Média; Bel fiore dança (1999), dedicado à música instrumental do Trecento (c. 1390); Sones de Sefarad (2001), sobre as músicas judias em antigos instrumentos; Iban tañendo (2003), um recital de música mudéjar; e …una danza a sonare (2003), sobre as artes instrumentais do Trecento.
Posteriormente, os Cinco Siglos dedicaram-se a um "projecto barroco", empenhando-se na recuperação dos estilos instrumentais do barroco hispânico. Nesse sentido, editaram Glosas nuevas sobre viejas danzas..., sobre os séculos de ouro do Barroco; Sones de Palacio, Bailes de Comedias, sobre gallardas, jácaras, jotas, seguidillas y fandangos; e Cuerdas mueve de plata, dedicado a Góngora. Da discografia medieval, vamos divulgar 6 temas, de 5 discos”.
(10) Saltarello (3:01) “Unos tan dulçes sones…”
(15) La quinte Estampie Real (2:48) “Dansse Real”
(11) Saltarello (4:43) “… una danza a sonare”
(06) Danza sobre el son da cantiga CCLXXXVI de Alfonso X (2:25) “Músicas de la España Mudéjar”
(04) Cantiga I de Alfonso X (2:50) “Unos tan dulçes sones…”
(07) Alekhem kehal (3:43) Sones de Sefarad