domingo, 28 de abril de 2013

91. Ali Akbar Khan/Asha Bhosle (Bangladesh/Índia) – Anna Jagielska-Riveiro (Polónia)



Encantos da Alma  (28/04/2013)


1ª hora: Ali Akbar Khan/Asha Bhosle (Bangladesh/Índia)
Ali Akbar Khan, o músico do Bangladesh mais conceituado de sempre, desaparecido em 2009 com 87 anos, foi considerado o expoente máximo do sarod, um instrumento de 25 cordas de metal, descendente do rebab afegão e mais pequeno que o conhecidíssimo sitar. Aos 3 anos, Ali Akbar Khan começou a estudar com Allauddin Khan, seu pai e grande mestre da música indiana do tempo, que lhe confiou os segredos da tradição clássica do Industão (norte da Índia). Os longos e penosos anos de trabalho e dedicação total exigidos pela aprendizagem e domínio da complexa e requintada arte que é a música clássica hindustânica fizeram de Khan, se não um “génio absoluto e o maior músico do planeta”, como o considerou o violinista Yehudi Menuhin, pelo menos, um dos maiores músicos, compositores e mestres do mundo contemporâneo.
Asha Bhosle, famosa cantora indiana, gravou a sua primeira canção em 1944 com 11 anos e depressa se tornou numa das maiores referências do “ghazal”, uma forma de poesia lírica de origem árabe, cujo tema central é o sofrimento provocado pela impossibilidade de realização do amor. No entanto, Asha tornou-se conhecida e admirada em toda a Índia, graças, sobretudo, às bandas sonoras dos filmes indianos, para os quais interpretou cerca de 25 mil temas, facto que a torna numa das cantoras mais gravadas de sempre.
Ali Akbar Khan e Asha Bhosle encetaram uma parceria da qual resultou o registo Legacy (1996 AMMP). Trata-se de um disco com composições do século XVI, da corte do imperador Akbar, transmitidas de geração em geração por via oral e existentes no extenso espólio do pai de Ali Akbar Khan. Monumento incontornável, “Legacy” reflete o talento de dois monstros da música do subcontinente indiano e da herança das riquíssimas tradições do Indostão com a modernidade.”
(09) Tarana in Bhimpalasri [Sat Sangat Style] (7:12)
(04) Tarana in Bhimpalasri (8:21)
(02) Hori in Kukubh Bilawal (6:25)

2ª hora: Anna Jagielska-Riveiro (Polónia)
Anna Jagielska-Riveiro é uma das vocalistas mais caraterísticas da Polónia. A sua voz única, quente, de tonalidades orientais e a variedade de inspirações musicais levam-na a ocupar um lugar especial no cenário da música polaca e da world music. Guitarrista e produtora musical, a carismática vocalista canta um repertório diversificado, ainda que os seus interesses se foquem principalmente na música da cultura judaica, bem como na da Espanha antiga, embora interprete, também, por exemplo, temas dos países latino-americanos.
Durante a sua carreira artística, Anna Jagielska-Riveiro estudou diversas técnicas vocais relacionadas com a música clássica, antiga, folk e até com a música pop. O desenvolvimento da sua técnica vocal foi particularmente influenciado pelo trabalho com cantores eminentes, tais como: Jadwiga Dzikówna e Romana Krebsówna (Polónia), Evelyn Tubb e Vivien Ellis (Inglaterra) e Montserrat Figueras (Espanha). Atualmente, Anna Riveiro usa o seu conhecimento e experiência, ensinando em workshops vocais e em aulas de canto.
A discografia de Anna Jagielska-Riveiro é constituída por seis registos: “Arvolicos d’Almendra” (2000) e Noche Latina (2001), ambos dedicados à música sefardita e, atualmente, descatalogados; Cantos de la España Antiqua (Acte Prealable, 2000), em que Anna se faz acompanhar apenas por Marek Toporowski no cravo;Cantigas de Amigo (Riveiro Music 2008), com o Trio Comtessa, do qual fazem parte, também, Marta Maślanka (no saltério e percussões) e Judyta Wrona-Tupczyńska (na fídula medieval); e Lunas Olvidadas (Riveiro Music 2009) e Dos Amantes (Riveiro Music 2011), ambos dedicados ao repertório sefardita e interpretados ao vivo, no primeiro acompanhada por quatro músicos e no segundo pelo grupo Maayan.”
(15) A'chantar (5:26) Cantigas de Amigo
(13) Tarara (3:08) “Cantos de la España Antiqua”
(04) Los bilbilicos (4:42) Lunas Olvidadas
(11) Tres hermanicas (4:17) Lunas Olvidadas

domingo, 21 de abril de 2013

90. The Skatalites (Jamaica) – Els Trobadors (Espanha)



Encantos da Alma  (21/04/2013)


1ª hora: The Skatalites (Jamaica)
“Sem The Skatalites o reggae nunca teria existido. A partir do Jazz, Calipso, Mento até ao Rhythm n’ Blues, a mítica banda da Jamaica criou um ritmo completamente novo que ficou conhecido por Ska. Gravando em estúdios como o Studio One e o Treasure Isle, os Skatalites dominaram toda a música jamaicana a partir dos anos sessenta e impuseram-se como uma banda a seguir.
Constituídos por conceituados músicos de jazz de Kingston, como Roland Alphonso, Tommy McCook, Don Drummond, Cedric Brooks, Lloyd Knibb e Lloyd Brevett, entre outros, que inovaram o mundo da música, os Skatalites tornaram-se numa autêntica instituição e na principal referência da Jamaica. A sua contribuição para a primeira criação original da música jamaicana foi fundamental, tanto na gravação de dezenas de instrumentais de matriz jazzística, como no servir de propulsor musical a muitos jovens cantores que começavam a sua carreira. Em Janeiro de 1965, o epílogo da trágica história do trompetista Don Drummond deu lugar à dissolução dos Skatalites, mas os seus membros contribuíram decisivamente para o nascimento do reggae, no final dos anos 70. Pode, mesmo, dizer-se sem exagero que a história do reggae se iniciou com os Skatalites.
A banda reativou-se em várias ocasiões e, desde 1980, percorre os palcos internacionais em inúmeras tournées, sobretudo em memória dos membros fundadores, entretanto falecidos. Da sua discografia, que conta com mais de duas dezenas de discos, iniciada em 1964 com “Ska Authentic” até “Walk With Me” (2012), salientam-se autênticos êxitos internacionais como “Guns of Navarone”, “Freedom Sound”, “Skata Skata”, “Man in the street” e “Lester’s Mood”, entre muitos outros.”
(03) Simmer Down (2:50) “Foundation Ska”
(07) Man in the street (6:08) “Hi-Bop Ska”
(01) Guns of  Navarone (5:11) “Hi-Bop Ska”
(01) Garden of Love (4:38) From Paris with Love”
(04) Ska Fort Rock (4:09) From Paris with Love”

2ª hora: Els Trobadors (Espanha)
“O principal projeto do ensemble espanhol Els Trobadors foi o de trabalhar sobre as bases do movimento dos trovadores medievais dos séculos XII e XIII, musicar os poetas catalães e recriar as músicas tradicionais, segundo uma visão e estética atuais, embora mantendo os timbres da instrumentação medieval. Compunham o grupo a cantora Maria Dolors Laffitte, conhecida, a partir de 1996, por Maria Laffitte, entretanto falecida em 2008, e o seu marido na altura, o multi-instrumentista Alfons Encinas. O repertório dos Els Trobadors interpretado em instrumentos antigos (como o alaúde medieval, a viola de roda, o saltério, a mandola e a rabeca, entre outros) e incluído num único álbum, incidiu na Idade Média e, em particular, na tradição trovadoresca.
Belíssima, de cristal, a voz de Maria Dolors Laffitte paira sobre um espetro alargado de arranjos instrumentais, dando novo sentido ao cantar trovadoresco. Graças a si, mas também aos músicos que a acompanham, a Catalunha, região natal dos Els Trobadors, foi, assim, laboratório iniciático dos trabalhos de amor, na sua forma gnóstica, do contacto direto e solitário com Deus, por oposição ao amor de Roma, seu inverso, que tinha a igreja como intermediária.
Et ades sera l’alba, o único álbum do duo catalão, fala a linguagem do amor, privilegiando o seu lado lúdico, num labirinto de referências que brotam do caldeirão de culturas que formaram a sensibilidade do homem medieval, na Europa. Trovadores dos séculos XII e XIII como Tibors, Jaufré Rudel, Bernart de Ventadorn, Berenguer de Palou, Ramón Llull, Giraut de Bornelh, entre outros, desfilam magistralmente, num dos álbuns mais significativos de sempre, nos domínios da música antiga”.
(07) Reis Glorios (14:53)

domingo, 14 de abril de 2013

89. Toumani Diabaté (Mali) – Musica Reservata (Venezuela)



Encantos da Alma  (14/04/2013)


1ª hora: Toumani Diabaté (Mali)
“O músico Toumani Diabaté, nascido em 1965 em Bamako, a capital do Mali, e que já esteve em Portugal por várias ocasiões, é, segundo Nick Gold (World Circuit), o portador da chama de uma das formas de arte mais belas do mundo. Ainda na opinião do produtor britânico, Toumani é um mestre na sua arte e produz uma música na qual a história nobre do império mandinka é reafirmada, permitindo, ao mesmo tempo, a ligação de um público contemporâneo a uma inspiradora espiritualidade.
Considerado o maior tocador da atualidade da famosa kora (espécie de harpa de 21 cordas, com uma caixa de ressonância feita de uma grande cabaça cortada ao meio e fechada com uma pele de vaca), Toumani Diabaté descende há 71 gerações dos griots mandinka, os contadores de histórias do ocidente africano. Aos 5 anos de idade, Diabaté começou a tocar a kora e aos 13 fez a sua primeira aparição em público. Aos 19 anos fazia parte do grupo que acompanhava a extraordinária Kandia Kouyaté, uma das cantoras mais conhecidas do Mali, e com ela viaja por todos os recantos de África.
Da discografia de Toumani Diabaté constam 13 discos, alguns deles em parceria com outros músicos, de diversas proveniências. O primeiro “Kaira” (1987, Hannibal) foi gravado numa única tarde, sem pausas, num estúdio de Londres. Promovido ao mercado World Music ocidental graças à sua colaboração com os espanhóis Ketama em “Songhai” e “Songhai 2 (1988 e 1994, Nuevos Medios), Toumani Diabaté encetaria, mais tarde, novas parcerias com Roswell Rudd, Ballaké Sissoko, Taj Mahal e Ali Farka Touré, das quais resultariam cinco brilhantes registos. O seu último disco a solo, “Mande Variations” (2008, World Circuit) é, tal como o primeiro, um disco intimista, gravado em Bamako durante as Mande Sessions, em que foram também registados os álbuns “Savane” de Ali Farka Touré, “In The Heart of The Moon” de Toumani Diabaté com Ali Farka Touré e “Boulevard de L’Independance”, de Toumani com a Symmetric Orchestra. Já este ano, editou “A Curva da Cintura”, com os brasileiros Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra, provavelmente o seu disco menos significativo até à data”.
(01) Bamako (6:29)Malicool(com Roswell Rudd)
(06) Guede Man Na (6:08) Kulanjan(com Taj Mahal)
(07) Ai Ga Bani (4:34) In the Heart of the Moon(com Ali Farka Touré)
(03) Be Mankan (5:07) Ali and Toumani(com Ali Farka Touré)
(02) Salaman (6:14)New Ancient Strings(com Ballake Sissoko)

2ª hora: Musica Reservata (Venezuela)
“O ensemble Musica Reservata, dirigido pela soprano Sandrah Silvio foi fundado na Venezuela por 11 vozes alto, mezzo-soprano e soprano. Atualmente, formam o grupo dez elementos femininos, que se têm feito acompanhar por vários músicos, consoante os programas. Desde 1993, as Musica Reservata têm-se dedicado à interpretação e promoção da música antiga na Venezuela e no estrangeiro, divulgando todo um repertório que vai desde a Idade Média até o Barroco.
As características mais marcantes nas interpretações deste ensemble coral venezuelano são, em primeiro lugar, expressividade sutil, essencial para a boa execução de obras que foram concebidas em perfeito equilíbrio... Outra caraterística dominante do grupo é a pureza das suas vozes, uma vez que o repertório que interpretam requer vozes de alta qualidade, que dão a cada frase a cor certa que necessita.
Ao longo dos anos, as Musica Reservata produziram vários programas: “El Nacimiento de la Polifonía” (1993), com música desde os primeiros cantos da liturgia cristã até ao nascimento e desenvolvimento da polifonia sacra medieval; “Angelorum Ministerium” (1995), dedicado ao canto gregoriano e à polifonia medieval e renascentista; “Carmina Burana” (1996), do Codex dos séculos XII-XIII, do convento beneditino de Beuren; “Stabat Mater” (1997), do compositor napolitano, Pergolesi; “Ave Maris Stella” (1998), com motetes marianos do compositor Monteverdi; “Dulcis Amor” (1999), uma seleção de obras dedicadas ao tema do amor durante a Idade Média, gravado em conjunto com o Ensemble Modus de Oslo; “Ave Rosa Novella” (2001), dedicado a motetes franceses do século XIII, pertencentes à clamada Escola de Notre Dame; “El Llibre Vermell de Montserrat” (2002), escrito no século XIV, para os peregrinos devotos da Virgem de Montserrat; “El Viaje de Hierusalem” (2004), uma seleção de cancões e villanescas espirituais, que recriam a viagem do compositor do Renascimento espanhol, Francisco Guerrero, à Terra Santa. A partir de 2005, as Musica Reservata têm-se dedicado, sobretudo, à interpretação da música barroca, do século XVII, desde “Barroco Europeo” (2005) até “Ostinato Amoroso” (2011).
(06) Cuncti simus concanentes (2:33
(04) Los set goytz recomptarem (4:50)
(02) Stella splendens (7:00)
(09) Imperayritz de la ciutat joyosa (7:14)

domingo, 7 de abril de 2013

88. Lena Willemark (Suécia) - Galeet Dardashti & Divahn (Irão/EUA)



Encantos da Alma  (07/04/2013)


1ª hora: Lena Willemark (Suécia)
Lena Willemark é uma cantora sueca que já passou por Coimbra e trouxe consigo, da sua terra natal (Älvdalen, no norte de Dalarna), uma arca do tesouro repleta de melodias tradicionais, mas não só. A sua música não passou despercebida a Manfred Eicher da ECM que, desde a edição de “Rosensfole”, de Jan Garbarek e Agnes Buen Garnas, não tem perdido de vista a fascinante música tradicional oriunda da Escandinávia.
O interesse de Lena Willemark pelo repertório tradicional e o seu encontro com o jazz têm levado a sua música a atravessar vários caminhos diferentes. Em nome próprio, como no álbum Windogur (Amigo Musik, 2000); em parceria com Ale Möller como em Nordan (ECM, 1994) e emAgram (ECM, 1996); em conjunto com o mesmo Ale Möller e com Per Gudmundson como no álbum Frifot (ECM, 1991); ou, ainda, enquadrada no coletivo também designado Frifot, como no registo Järven (1997, Caprice), Lena Willemark tem criado uma poderosa música contemporânea, dando simultaneamente vida às velhas tradições escandinavas.
A intenção de Lena Willemark  tem sido, ao longo dos tempos, a de desenvolver novas coordenadas para uma ideia original, que pretende a confluência de músicos folk e da música improvisada. Baseando-se em baladas medievais e canções folk da tradição sueca, a par de composições originais, a música de Lena Willemark confirma a enorme beleza expressiva da sua voz e os talentos dos músicos que a têm acompanhado. De entre eles, salientam-se o arranjador e multinstrumentista Ale Mӧller (mandola, flautas, harpa, “shawwm” ou bombarda medieval, trompa, saltério e acordeão), o “habitué” da ECM, Palle Danielsson (contrabaixo), Mats Edén (“drones” de violino e “kantele” - saltério escandinavo), Per Gudmundson (violino e gaita-de-foles sueca), Tina Johansson (percussão), Jonas Knutson (saxofone e percussão) e Björn Tollin dos Hedningarna (percussionista), entre outros.”
(01) Trilo (1:16)Nordan
(03) Tjugmyren (3:55) “Frifot”
(04) Havet Stomar (5:55) Chansons des Mers Froides” (Hector Zazou)
(02) Agram (3:14)Agram
(07) Sven i Rosengard (5:42) Nordan

2ª hora: Galeet Dardashti & Divahn (Irão/EUA)
Tendo sido a primeira mulher a continuar a tradição da sua família, seguindo a distinta musicalidade persa e judaica, Galeet Dardashti manifesta a sua paixão pelas raízes e revela-se como uma inovadora cantora, compositora do Médio Oriente. O avô de Galeet, Yona Dardashti, fora um dos mais aclamados cantores da música clássica persa no Irão e o seu pai, Farid Dardashti, é um dos maiores cantores da sua geração, nos EUA. Incluída no grupo The Dardashti Family, Galeet interpretou música judaica pelos EUA e Canadá, durante quase vinte anos, enquanto adolescente.
Desde então, Galeet Dardashti ganhou uma reputação como uma das intérpretes da música judeus mais inovadoras da atualidade. Em 2010, recebeu uma bolsa para prosseguir o seu projeto multi-disciplinar que incluiu o lançamento aclamado registo “The Naming, em que interpreta algumas das mulheres mais atraentes da Bíblia. No seu projeto mais recente, “Monajat, encomendado pela Fundação de Cultura Judaica, Dardashti reinventa o Selihot, que ocorre durante o mês que antecede as Grandes Festas como um meio de preparação espiritual. As audiências foram envolvidas no ritual com melodias persas, textos poéticos hebraicos, soundscapes eletrónicos e vídeo-arte dinâmica.
No entanto, Galeet Dardashti começou por ser conhecida como vocalista e líder do renomado ensemble feminino Divahn, uma palavra comum no hebraico, persa e árabe que significa um conjunto de canções e de poemas. Constituído por cinco cantoras e instrumentistas, o grupo misturam canções tradicionais e originais judaicas e do Oriente Médio com harmonias sofisticadas, improvisações fascinantes e arranjos funky.  Utilizando violinos, violoncelos, tablas e outras percussões, as Divahn interpretam magistralmente temas sefarditas, salmos hebraicos, canções de Shabbat e temas tradicionais iranianos, turcos e iraquianos, entre outros, e encantam.”
(--) El Nora (4:57) 
(05) Duerme (3:33)Divahn
(07) Yodukha Rayonai (5:35) Divahn
(01) Shabekhi Yerushalayim (4:10)Divahn