domingo, 25 de dezembro de 2011

41. Cesária Évora (Cabo Verde) / Sinfonye (Austrália/…)

Encantos da Alma (25/12/2011)
Destaques:
1:ª Hora: Cesária Évora (Cabo Verde)
Cesária Évora deixou-nos de vez no passado sábado, quando contava 70 anos de idade. "A diva dos pés descalços" tinha, no entanto, terminado a carreira em Setembro deste ano, alegando precisar da terra natal, do seu povo e do marulhar das ondas.
Considerada a Billie Holiday crioula da segunda metade do século XX, Cesária iniciara a sua carreira de cantora no Mindelo, na ilha de São Vicente, há quase meia década. Aos vinte anos, já Cesária cantava amores desfeitos e o isolamento das ilhas de Cabo Verde, expressando uma maravilhosa melancolia, de que aliás são testemunho os registos da época, reeditados em 2008, com o título “Rádio Mindelo”. Quer se fixasse numa saudade com um apelo universal, ou se dissolvesse, sem alarde, nestas ilhas batidas pelo vento, essa melancolia atlântica foi sempre a marca original da cantora.
Interpretando coladeras (canções inebriantes escritas para dançar) ou mornas (o blues cabo-verdiano), a sua voz, bem marcada pelas emoções que lhe deram renome universal, prende inexoravelmente quem a ouve. Tendo editado 24 álbuns, entre originais, antologias e registos ao vivo, Cesária foi indubitavelmente a cantora de maior projeção internacional de toda a história da música popular cabo-verdiana."
(08) Jardim Prometido (4:47) “Voz D’Amor”
(01) Petit Pays (3:45) Cesária”
(01) Sodade (4:53) Miss Perfumado”
(03) Partida (6:14) “Cabo Verde”
(01) Mar Azul (3:38) “Mar Azul”

2ª Hora: Sinfonye (Austrália/…)
“Os Sinfonye, fundados e dirigidos pela australiana Stevie Wishart, combinam as virtudes da improvisação derivada da música tradicional com as práticas de desempenho recriadas a partir da recolha histórica, particularmente dos repertórios cantados, inspirados ou compostos por mulheres.
Em 1987, acompanhados por Andrew Lawrence-King, os Sinfonye fizeram a sua primeira gravação para a Hyperion, o disco “Bella Domna: The medieval woman: Lover, Poet, Patroness & Saint”. Desde então, Stevie Wishart e os Sinfonye foram dando a conhecer, sobretudo ao público anglófono, as Cantigas de Amor de D. Dinis de Portugal, as Cantigas de Santa Maria de Afonso X de Castela e as obras da mística abadessa Hildegard von Bingen da Alemanha, entre outras obras medievais.
Da vasta discografia dos Sinfonye, para além do citado registo Bella Domna, dedicado às mulheres amantes, poetas, padroeiras e santas da Idade Média, destacam-se os registos: “The sweet look & the loving manner”, sobre as líricas e as cantigas de amor das trovadoras da França medieval; The Courts of Love, dedicado à música no tempo de Eleanor da Aquitânia, uma das mulheres mais ricas e poderosas do século XII; Gabriel's Greeting, sobre a música de Natal da Inglaterra medieval; e “Poder á Santa María, sobre a Andaluzia nas Cantigas de Santa Maria, em que os Sinfonye contam com a voz de Equidad Barés.”
(30) Bele Ysabelos (0:49) “Trois soeurs”
(08) Domna, pos vos ay chausida (2:43) “Bella Domna”
(03) Miri it is (4:15) Gabriel's Greeting
(19) Bele Emmelos (20) Avant hier… (5:02) “The sweet look & the loving manner
(04) L'on dit q'amors est dolce chose (3:48) The Courts of Love
(04) Os que a Santa Maria saben fazer reverenía (13:03) “Poder á Santa María”

domingo, 18 de dezembro de 2011

40. Istanbul Oriental Ensemble (Turquia) / Ensemble Martín Códax (Espanha)

Encantos da Alma (18/12/2011)
Destaques:
1.ª Hora: Istanbul Oriental Ensemble (Turquia)
“O Istanbul Oriental Ensemble, liderado pelo percussionista Burhan Öçal, inclui alguns dos melhores músicos rromani da Turquia. Considerado um dos grupos que melhor preserva o estilo da música tradicional cigana, já atuou em Portugal, nomeadamente no Porto, em Lisboa, em Portimão e em Santo André.
Baseando-se na música popular de regiões que vão de Istambul à Trácia, e que remonta, sobretudo, aos séculos XVIII e XIX, o Istanbul Oriental Ensemble elabora composições que refletem o amor dos ciganos pela natureza e a influência das grandes migrações, expressando, ainda, a sua intensa paixão pela vida quotidiana. No entanto, o repertório deste ensemble inclui também algumas antigas canções de amor turcas, peças contemporâneas e improvisações próximas de uma banda sonora das “mil e uma noites”, compostas por membros da banda.
Usando instrumentos tradicionais, o Istanbul Oriental Ensemble tem criado, ao longo dos tempos, ambientes que misturam tradição, exotismo e modernidade, tendo editado, até à data, os registos Gypsy Rum(1995),Sultan’s Secret Door (1997), “Caravanserai(2000) e Grand Bazaar(2006). Desses álbuns, vamos ouvir 3 temas, com cerca de 20 minutos de música.”
(02) Nihavent Oriental (6:49) “Sultan’s Secret Door”
(01) Katar (8:38) Caravanserai”
(01) Elden Ele (4:51) Grand Bazaar”

2.ª Hora: Ensemble Martín Códax (Espanha)
“O grupo de música antiga Martín Códax, da Galiza, estuda e interpreta o repertório musical escrito, desde a Idade Média até ao Renascimento, dedicando especial atenção à composta nos séculos XII, XIII e XIV.
Desde a sua fundação, em 1993, o ensemble tem o propósito de divulgar a música medieval, sobretudo, a lírica galaico-portuguesa e, particularmente, a música relacionada com o “Caminho de Santiago”. Por outro lado, o grupo tem colaborado com editoras galegas na difusão da literatura medieval, destacando-se a sua participação na edição dos livros “Martín Códax” e “O viño da Vida”.
A discografia do ensemble Martín Códax mergulha exaustivamente nas manifestações musicais mais relevantes da Idade Média na Península Ibérica, nomeadamente nos códices, nos romances de peregrinação e na poesia trovadoresca do século XIII. O projecto mais arrojado do grupo chama-se Devotio: Música para la Virgen y Santiago, um duplo CD, com dois livretes de 100 páginas, editado pela Cantus Records. O primeiro disco é dedicado ao século XIII e inclui treze Cantigas de Santa Maria, composições em galaico-português dedicadas à Virgem; sete Cantigas de Amigo do supremo trovador de Vigo, Martín Códax, as mais importantes da lírica trovadoresca galaico-portuguesa; e três Cantigas de Escárnio, um género de poesia trovadoresca, cuja principal característica é a crítica ou sátira, escrita em galaico-português por jograis e menestréis. O segundo disco é dedicado às devoções e inclui nove canções do Codex Calixtinus, um conjunto de textos reunidos em Santiago de Compostela, que se apresentava como da autoria do Papa Calisto II (Século XII); quatro composições do Codex Huelgas, manuscrito medieval copiado no início do século XIV no mosteiro cisterciense de monjas de clausura de Santa Maria la Real de Las Huelgas, próximo de Burgos; duas canções do Llibre Vermell de Montserrat, um manuscrito iluminado contendo uma colecção de canções escritas no século XIV e preservado no Mosteiro de Montserrat, nos arredores de Barcelona; e cinco Romances de peregrinação, nomeadamente a Santiago de Compostela”.
(05) Pero que seja a gente (1:39) (instrumental/Leitura do texto)
(10) Pois que Deus (3:17)
(06) Non é gran cousa (7:04)
(11) A madre de Deus (5:34)

domingo, 11 de dezembro de 2011

39. Gotan Project (Argentina/França/Suíça) / Ensemble Syntagma (Rússia/...)

Encantos da Alma (11/12/2011)
Destaques:
1.ª Hora: Gotan Project (Argentina/França/Suíça)
“Dia 11 de Dezembro, data do nascimento de Carlos Gardel, o cantor de tango mais famoso da Argentina, comemora-se, o Dia do Tango em Buenos Aires.
Partilhando uma grande paixão pela cultura argentina e, em especial, pelo tango, três dj’s (o francês Philippe Solal, o suíço Chistoph Müller e o argentino Eduardo Makaroff) formaram o Gotan Project, em 1999 para mostrar ao mundo uma arrojada e inovadora fusão entre o tango tradicional e a moderna electrónica e entre o antigo e o contemporâneo. O nome da banda vem, curiosamente, da inversão das sílabas da palavra tango, seguindo o costume da gíria argentina de pronunciar as palavras "al revés", ou seja, de trás para a frente.
A carreira do Gotan Project começou em 2000 com a edição do single Vuelvo Al Sur, mas o grupo só atinge a popularidade em 2001, com o álbum de estreia “La Revancha del Tango, vencedor do Prémio de Revelação do World Music Awards da BBC, em 2003. Os outros discos de estúdio do Gotan Project, editados até à data, (“Lunático, de 2006 e Tango 3.0, de 2010) reforçam a intenção da banda adoptar elementos de géneros tradicionais argentinos e de os trabalhar no contexto da música de dança, numa perfeita fusão de tango e milonga com house, dub, hip hop ou trip hop.
Em 2011, o Gotan Project optou por fazer uma retrospetiva da sua curta carreira, lançando o seu Best of e reeditando o primeiro álbum com novas misturas e um novo título (“La Revancha en Cumbia”).”
(01) Tango Square (3:44) “Tango 3.0”
(01) Amor Porteño (5:07) Lunático”
(10) Vuelvo al sur (6:59) La Revancha del Tango”
(06) Una música brutal (4:11) La Revancha del Tango”

2.ª Hora: Ensemble Syntagma (Rússia)
“O Ensemble Syntagma, especialista nos repertórios medieval, renascentista e barroco, fundado por Alexandre Danilevski, compositor e músico de Saint-Petersbourg, radicado em França, acaba de editar um novo disco. Da sua excelente discografia, constam “Musique Baroque Russe” (Pierre Vérany, 2002), Touz esforciez: Trouvères en Lorraine (Pierre Vérany, 2004), Gautier d'Epinal: Remembrance" (Challenge Records Int., 2007) e Stylems – Italian Music From The Trecento (Challenge Records Int., 2008) e Rosa e Orticha (Carpe Diem, 2011), dedicados a produções pouco conhecidas nos meandros da música antiga.
Ao longo da sua carreira, o Ensemble Syntagma tem abordado, sobretudo, a música dos mais importantes compositores dos séculos XIII e XIV, nomeadamente Eguidius da Francia, da segunda metade do século XIV, que encaixa bem a sua música com o estilo das peças da alla francesca; Bartolino da Padova (c.1365-1405), compositor italiano e membro da ordem dos Carmelitas, que provavelmente viveu em Florença; Don Paolo da Firenze (c.1355-c.1436), sobejamente conhecido pela sua brilhante carreira como diplomata, clérigo e teórico de música; Gautier d’Épinal (c.1205/1230-c.1272), o compositor mais brilhante e original da história de Lorraine, que antecedeu em cerca de meio século as inovações da Ars Nova (Trecento); e Jehan de Lescurel (? - 1304), um dos primeiros representantes da Ars Nova.”
(09) Lauda (Anónimo) (Instrumental/Leitura do texto) (6:00) Rosa e Orticha
(16) Donna s’amor (Eguidius da Francia) (3:13) Rosa e Orticha
(02) Bien se peüst… (Jeannot de L’Escurel) (3:01) Touz Esforciez
(01) Che Ti Zova Nasconder (Anónimo, séc XIV) (5:10) “Stylems”
(05) Abundance de felonie (Lescurel) (5:01) Jehan de Lescurel. Ex Tempore (Por editar)

domingo, 4 de dezembro de 2011

38. Amina Alaoui – “Arco Iris“ (Marrocos) / Chominciamento di gioia (Itália)

Encantos da Alma (04/12/2011)
Destaques :
1.ª Hora: Amina Alaoui Arco Iris (Marrocos)
“O fado já é Património Imaterial da Humanidade, segundo decisão tomada pela UNESCO, no passado domingo, dia 27 de Novembro, juntando-se, assim, ao tango e ao flamenco na lista dos mais de duzentos tesouros do mundo já classificados.
Antecipando a decisão da UNESCO, a cantora e compositora marroquina Amina Alaoui, no seu registo “Arco Iris” (2011 ECM), demonstrara já que o fado deixou de ser apenas uma canção portuguesa. Quando Amina apregoa que “não há necessidade de discutir as origens do fado, do flamenco ou do Gharnati” para a música em si mesma, pressupõe a interpretação desses estilos, mesmo que não seja portuguesa ou espanhola. Mas Amina vai ainda mais além em “Arco Iris”, ao explorar não só as músicas tradicionais da Península Ibérica, como o cruzamento entre elas. Com efeito, fazendo jus ao título do disco, Amina Alaoui elabora um autêntico “arco-iris” de sons, com iluminadas e coloridas conexões entre o fado, o flamenco e a música árabo-andalusa. No dia 14 de Março de 2012, Amina vai apresentar no CCB (Lisboa) este magnífico disco, indubitavelmente um dos melhores do ano.
Natural de Fez e herdeira de uma lendária tradição familiar de músicos populares, Amina Alaoui, em “Arco-Iris” diluiu barreiras, ultrapassou fronteiras e tornou-se numa multifacetada cidadã do mundo ”.
(03) Fado Al-Mu’tamid (5:30)
(07) Fado menor (5:26)
(06) Ya laylo layl (9:18) 


2.ª Hora: Chominciamento di gioia (Itália)
“O Ensemble Chominciamento di gioia, nome de uma "istampitta" (dança italiana do século XIV), surgiu em 1987 com a finalidade de divulgar a música medieval e renascentista, principalmente a vocal e instrumental do repertório italiano.
Uma intensa actividade dedicada a espectáculos ao vivo, aliada a tarefas de recuperação e de investigação musicológica e de produção discográfica, sob a orientação de Gianfranco Russo, deixam perceber a intenção dos Chominciamento di gioia de resgatar a música antiga como parte essencial e fundamental da memória colectiva e aproximá-la do nosso tempo.
Para aprofundar particularmente o aspecto do desempenho, os Chominciamento di gioia fazem uso de réplicas de instrumentos usados entre os séculos XII e XIV, construídos a partir de iconografias e descrições do tempo. Desses instrumentos, que variam de acordo com o período abordado, contam-se liras, alaúdes, flautas, harpas, saltérios, sinos, darboukas, symphonia e saz, entre outros.
This Valencian group has also taken its repertoire outside Spain, including visits to France, Belgium, Rumania, Portugal, Holland, Egypt, Italy, Germany, Morocco, England, Poland, Tunisia, Argentina, Brazil, Chile and Mexico.Among the works it has revived, mention may be made of the stage adaptation of the unpublished 18th century zarzuela La Madrileña by Vicente Martín y Soler, the first Spanish Oratorio Sacro, the oldest version of El Misteri d´Elx and the opera Dido y Aeneas by Henry Purcell.Entre as obras que os Chominciamento di gioia têm recuperado, contam-se “Peccatori e santi, dedicado ao amor sacro e ao sentimento popular italiano e espanhol do século XIII; “Codex Bamberg e Francesco Landini: Ballate, em parceria com o ensemble vocal "Camerata Nova"; “Futuro Antico”, com Angelo Branduardi, sobre a música sacra e profana da Idade Média; “Farai un vers desconvenent”, dedicado às produções impudicas medievais; “Rosa das Rosas, sobre o símbolo da rosa na Idade Média; “Istampitte, que se debruça sobre as danças italianas medievais; e “In vinea mea, dedicado ao vinho e à vinha na Idade Média”.
(14) Felix vitis (instrumental/leitura) (2:50) “In vinea mea”
(01) Rosa das Rosas (5:35) “Rosa das Rosas”
(05) Alte clamat Epicurus (3:45) “In vinea mea”
(07) Ben pod'as cousas (4:44) “In vinea mea”
(12) La rosa enflorece (5:00) “Rosa das Rosas”