domingo, 25 de dezembro de 2011

41. Cesária Évora (Cabo Verde) / Sinfonye (Austrália/…)

Encantos da Alma (25/12/2011)
Destaques:
1:ª Hora: Cesária Évora (Cabo Verde)
Cesária Évora deixou-nos de vez no passado sábado, quando contava 70 anos de idade. "A diva dos pés descalços" tinha, no entanto, terminado a carreira em Setembro deste ano, alegando precisar da terra natal, do seu povo e do marulhar das ondas.
Considerada a Billie Holiday crioula da segunda metade do século XX, Cesária iniciara a sua carreira de cantora no Mindelo, na ilha de São Vicente, há quase meia década. Aos vinte anos, já Cesária cantava amores desfeitos e o isolamento das ilhas de Cabo Verde, expressando uma maravilhosa melancolia, de que aliás são testemunho os registos da época, reeditados em 2008, com o título “Rádio Mindelo”. Quer se fixasse numa saudade com um apelo universal, ou se dissolvesse, sem alarde, nestas ilhas batidas pelo vento, essa melancolia atlântica foi sempre a marca original da cantora.
Interpretando coladeras (canções inebriantes escritas para dançar) ou mornas (o blues cabo-verdiano), a sua voz, bem marcada pelas emoções que lhe deram renome universal, prende inexoravelmente quem a ouve. Tendo editado 24 álbuns, entre originais, antologias e registos ao vivo, Cesária foi indubitavelmente a cantora de maior projeção internacional de toda a história da música popular cabo-verdiana."
(08) Jardim Prometido (4:47) “Voz D’Amor”
(01) Petit Pays (3:45) Cesária”
(01) Sodade (4:53) Miss Perfumado”
(03) Partida (6:14) “Cabo Verde”
(01) Mar Azul (3:38) “Mar Azul”

2ª Hora: Sinfonye (Austrália/…)
“Os Sinfonye, fundados e dirigidos pela australiana Stevie Wishart, combinam as virtudes da improvisação derivada da música tradicional com as práticas de desempenho recriadas a partir da recolha histórica, particularmente dos repertórios cantados, inspirados ou compostos por mulheres.
Em 1987, acompanhados por Andrew Lawrence-King, os Sinfonye fizeram a sua primeira gravação para a Hyperion, o disco “Bella Domna: The medieval woman: Lover, Poet, Patroness & Saint”. Desde então, Stevie Wishart e os Sinfonye foram dando a conhecer, sobretudo ao público anglófono, as Cantigas de Amor de D. Dinis de Portugal, as Cantigas de Santa Maria de Afonso X de Castela e as obras da mística abadessa Hildegard von Bingen da Alemanha, entre outras obras medievais.
Da vasta discografia dos Sinfonye, para além do citado registo Bella Domna, dedicado às mulheres amantes, poetas, padroeiras e santas da Idade Média, destacam-se os registos: “The sweet look & the loving manner”, sobre as líricas e as cantigas de amor das trovadoras da França medieval; The Courts of Love, dedicado à música no tempo de Eleanor da Aquitânia, uma das mulheres mais ricas e poderosas do século XII; Gabriel's Greeting, sobre a música de Natal da Inglaterra medieval; e “Poder á Santa María, sobre a Andaluzia nas Cantigas de Santa Maria, em que os Sinfonye contam com a voz de Equidad Barés.”
(30) Bele Ysabelos (0:49) “Trois soeurs”
(08) Domna, pos vos ay chausida (2:43) “Bella Domna”
(03) Miri it is (4:15) Gabriel's Greeting
(19) Bele Emmelos (20) Avant hier… (5:02) “The sweet look & the loving manner
(04) L'on dit q'amors est dolce chose (3:48) The Courts of Love
(04) Os que a Santa Maria saben fazer reverenía (13:03) “Poder á Santa María”

domingo, 18 de dezembro de 2011

40. Istanbul Oriental Ensemble (Turquia) / Ensemble Martín Códax (Espanha)

Encantos da Alma (18/12/2011)
Destaques:
1.ª Hora: Istanbul Oriental Ensemble (Turquia)
“O Istanbul Oriental Ensemble, liderado pelo percussionista Burhan Öçal, inclui alguns dos melhores músicos rromani da Turquia. Considerado um dos grupos que melhor preserva o estilo da música tradicional cigana, já atuou em Portugal, nomeadamente no Porto, em Lisboa, em Portimão e em Santo André.
Baseando-se na música popular de regiões que vão de Istambul à Trácia, e que remonta, sobretudo, aos séculos XVIII e XIX, o Istanbul Oriental Ensemble elabora composições que refletem o amor dos ciganos pela natureza e a influência das grandes migrações, expressando, ainda, a sua intensa paixão pela vida quotidiana. No entanto, o repertório deste ensemble inclui também algumas antigas canções de amor turcas, peças contemporâneas e improvisações próximas de uma banda sonora das “mil e uma noites”, compostas por membros da banda.
Usando instrumentos tradicionais, o Istanbul Oriental Ensemble tem criado, ao longo dos tempos, ambientes que misturam tradição, exotismo e modernidade, tendo editado, até à data, os registos Gypsy Rum(1995),Sultan’s Secret Door (1997), “Caravanserai(2000) e Grand Bazaar(2006). Desses álbuns, vamos ouvir 3 temas, com cerca de 20 minutos de música.”
(02) Nihavent Oriental (6:49) “Sultan’s Secret Door”
(01) Katar (8:38) Caravanserai”
(01) Elden Ele (4:51) Grand Bazaar”

2.ª Hora: Ensemble Martín Códax (Espanha)
“O grupo de música antiga Martín Códax, da Galiza, estuda e interpreta o repertório musical escrito, desde a Idade Média até ao Renascimento, dedicando especial atenção à composta nos séculos XII, XIII e XIV.
Desde a sua fundação, em 1993, o ensemble tem o propósito de divulgar a música medieval, sobretudo, a lírica galaico-portuguesa e, particularmente, a música relacionada com o “Caminho de Santiago”. Por outro lado, o grupo tem colaborado com editoras galegas na difusão da literatura medieval, destacando-se a sua participação na edição dos livros “Martín Códax” e “O viño da Vida”.
A discografia do ensemble Martín Códax mergulha exaustivamente nas manifestações musicais mais relevantes da Idade Média na Península Ibérica, nomeadamente nos códices, nos romances de peregrinação e na poesia trovadoresca do século XIII. O projecto mais arrojado do grupo chama-se Devotio: Música para la Virgen y Santiago, um duplo CD, com dois livretes de 100 páginas, editado pela Cantus Records. O primeiro disco é dedicado ao século XIII e inclui treze Cantigas de Santa Maria, composições em galaico-português dedicadas à Virgem; sete Cantigas de Amigo do supremo trovador de Vigo, Martín Códax, as mais importantes da lírica trovadoresca galaico-portuguesa; e três Cantigas de Escárnio, um género de poesia trovadoresca, cuja principal característica é a crítica ou sátira, escrita em galaico-português por jograis e menestréis. O segundo disco é dedicado às devoções e inclui nove canções do Codex Calixtinus, um conjunto de textos reunidos em Santiago de Compostela, que se apresentava como da autoria do Papa Calisto II (Século XII); quatro composições do Codex Huelgas, manuscrito medieval copiado no início do século XIV no mosteiro cisterciense de monjas de clausura de Santa Maria la Real de Las Huelgas, próximo de Burgos; duas canções do Llibre Vermell de Montserrat, um manuscrito iluminado contendo uma colecção de canções escritas no século XIV e preservado no Mosteiro de Montserrat, nos arredores de Barcelona; e cinco Romances de peregrinação, nomeadamente a Santiago de Compostela”.
(05) Pero que seja a gente (1:39) (instrumental/Leitura do texto)
(10) Pois que Deus (3:17)
(06) Non é gran cousa (7:04)
(11) A madre de Deus (5:34)

domingo, 11 de dezembro de 2011

39. Gotan Project (Argentina/França/Suíça) / Ensemble Syntagma (Rússia/...)

Encantos da Alma (11/12/2011)
Destaques:
1.ª Hora: Gotan Project (Argentina/França/Suíça)
“Dia 11 de Dezembro, data do nascimento de Carlos Gardel, o cantor de tango mais famoso da Argentina, comemora-se, o Dia do Tango em Buenos Aires.
Partilhando uma grande paixão pela cultura argentina e, em especial, pelo tango, três dj’s (o francês Philippe Solal, o suíço Chistoph Müller e o argentino Eduardo Makaroff) formaram o Gotan Project, em 1999 para mostrar ao mundo uma arrojada e inovadora fusão entre o tango tradicional e a moderna electrónica e entre o antigo e o contemporâneo. O nome da banda vem, curiosamente, da inversão das sílabas da palavra tango, seguindo o costume da gíria argentina de pronunciar as palavras "al revés", ou seja, de trás para a frente.
A carreira do Gotan Project começou em 2000 com a edição do single Vuelvo Al Sur, mas o grupo só atinge a popularidade em 2001, com o álbum de estreia “La Revancha del Tango, vencedor do Prémio de Revelação do World Music Awards da BBC, em 2003. Os outros discos de estúdio do Gotan Project, editados até à data, (“Lunático, de 2006 e Tango 3.0, de 2010) reforçam a intenção da banda adoptar elementos de géneros tradicionais argentinos e de os trabalhar no contexto da música de dança, numa perfeita fusão de tango e milonga com house, dub, hip hop ou trip hop.
Em 2011, o Gotan Project optou por fazer uma retrospetiva da sua curta carreira, lançando o seu Best of e reeditando o primeiro álbum com novas misturas e um novo título (“La Revancha en Cumbia”).”
(01) Tango Square (3:44) “Tango 3.0”
(01) Amor Porteño (5:07) Lunático”
(10) Vuelvo al sur (6:59) La Revancha del Tango”
(06) Una música brutal (4:11) La Revancha del Tango”

2.ª Hora: Ensemble Syntagma (Rússia)
“O Ensemble Syntagma, especialista nos repertórios medieval, renascentista e barroco, fundado por Alexandre Danilevski, compositor e músico de Saint-Petersbourg, radicado em França, acaba de editar um novo disco. Da sua excelente discografia, constam “Musique Baroque Russe” (Pierre Vérany, 2002), Touz esforciez: Trouvères en Lorraine (Pierre Vérany, 2004), Gautier d'Epinal: Remembrance" (Challenge Records Int., 2007) e Stylems – Italian Music From The Trecento (Challenge Records Int., 2008) e Rosa e Orticha (Carpe Diem, 2011), dedicados a produções pouco conhecidas nos meandros da música antiga.
Ao longo da sua carreira, o Ensemble Syntagma tem abordado, sobretudo, a música dos mais importantes compositores dos séculos XIII e XIV, nomeadamente Eguidius da Francia, da segunda metade do século XIV, que encaixa bem a sua música com o estilo das peças da alla francesca; Bartolino da Padova (c.1365-1405), compositor italiano e membro da ordem dos Carmelitas, que provavelmente viveu em Florença; Don Paolo da Firenze (c.1355-c.1436), sobejamente conhecido pela sua brilhante carreira como diplomata, clérigo e teórico de música; Gautier d’Épinal (c.1205/1230-c.1272), o compositor mais brilhante e original da história de Lorraine, que antecedeu em cerca de meio século as inovações da Ars Nova (Trecento); e Jehan de Lescurel (? - 1304), um dos primeiros representantes da Ars Nova.”
(09) Lauda (Anónimo) (Instrumental/Leitura do texto) (6:00) Rosa e Orticha
(16) Donna s’amor (Eguidius da Francia) (3:13) Rosa e Orticha
(02) Bien se peüst… (Jeannot de L’Escurel) (3:01) Touz Esforciez
(01) Che Ti Zova Nasconder (Anónimo, séc XIV) (5:10) “Stylems”
(05) Abundance de felonie (Lescurel) (5:01) Jehan de Lescurel. Ex Tempore (Por editar)

domingo, 4 de dezembro de 2011

38. Amina Alaoui – “Arco Iris“ (Marrocos) / Chominciamento di gioia (Itália)

Encantos da Alma (04/12/2011)
Destaques :
1.ª Hora: Amina Alaoui Arco Iris (Marrocos)
“O fado já é Património Imaterial da Humanidade, segundo decisão tomada pela UNESCO, no passado domingo, dia 27 de Novembro, juntando-se, assim, ao tango e ao flamenco na lista dos mais de duzentos tesouros do mundo já classificados.
Antecipando a decisão da UNESCO, a cantora e compositora marroquina Amina Alaoui, no seu registo “Arco Iris” (2011 ECM), demonstrara já que o fado deixou de ser apenas uma canção portuguesa. Quando Amina apregoa que “não há necessidade de discutir as origens do fado, do flamenco ou do Gharnati” para a música em si mesma, pressupõe a interpretação desses estilos, mesmo que não seja portuguesa ou espanhola. Mas Amina vai ainda mais além em “Arco Iris”, ao explorar não só as músicas tradicionais da Península Ibérica, como o cruzamento entre elas. Com efeito, fazendo jus ao título do disco, Amina Alaoui elabora um autêntico “arco-iris” de sons, com iluminadas e coloridas conexões entre o fado, o flamenco e a música árabo-andalusa. No dia 14 de Março de 2012, Amina vai apresentar no CCB (Lisboa) este magnífico disco, indubitavelmente um dos melhores do ano.
Natural de Fez e herdeira de uma lendária tradição familiar de músicos populares, Amina Alaoui, em “Arco-Iris” diluiu barreiras, ultrapassou fronteiras e tornou-se numa multifacetada cidadã do mundo ”.
(03) Fado Al-Mu’tamid (5:30)
(07) Fado menor (5:26)
(06) Ya laylo layl (9:18) 


2.ª Hora: Chominciamento di gioia (Itália)
“O Ensemble Chominciamento di gioia, nome de uma "istampitta" (dança italiana do século XIV), surgiu em 1987 com a finalidade de divulgar a música medieval e renascentista, principalmente a vocal e instrumental do repertório italiano.
Uma intensa actividade dedicada a espectáculos ao vivo, aliada a tarefas de recuperação e de investigação musicológica e de produção discográfica, sob a orientação de Gianfranco Russo, deixam perceber a intenção dos Chominciamento di gioia de resgatar a música antiga como parte essencial e fundamental da memória colectiva e aproximá-la do nosso tempo.
Para aprofundar particularmente o aspecto do desempenho, os Chominciamento di gioia fazem uso de réplicas de instrumentos usados entre os séculos XII e XIV, construídos a partir de iconografias e descrições do tempo. Desses instrumentos, que variam de acordo com o período abordado, contam-se liras, alaúdes, flautas, harpas, saltérios, sinos, darboukas, symphonia e saz, entre outros.
This Valencian group has also taken its repertoire outside Spain, including visits to France, Belgium, Rumania, Portugal, Holland, Egypt, Italy, Germany, Morocco, England, Poland, Tunisia, Argentina, Brazil, Chile and Mexico.Among the works it has revived, mention may be made of the stage adaptation of the unpublished 18th century zarzuela La Madrileña by Vicente Martín y Soler, the first Spanish Oratorio Sacro, the oldest version of El Misteri d´Elx and the opera Dido y Aeneas by Henry Purcell.Entre as obras que os Chominciamento di gioia têm recuperado, contam-se “Peccatori e santi, dedicado ao amor sacro e ao sentimento popular italiano e espanhol do século XIII; “Codex Bamberg e Francesco Landini: Ballate, em parceria com o ensemble vocal "Camerata Nova"; “Futuro Antico”, com Angelo Branduardi, sobre a música sacra e profana da Idade Média; “Farai un vers desconvenent”, dedicado às produções impudicas medievais; “Rosa das Rosas, sobre o símbolo da rosa na Idade Média; “Istampitte, que se debruça sobre as danças italianas medievais; e “In vinea mea, dedicado ao vinho e à vinha na Idade Média”.
(14) Felix vitis (instrumental/leitura) (2:50) “In vinea mea”
(01) Rosa das Rosas (5:35) “Rosa das Rosas”
(05) Alte clamat Epicurus (3:45) “In vinea mea”
(07) Ben pod'as cousas (4:44) “In vinea mea”
(12) La rosa enflorece (5:00) “Rosa das Rosas”

domingo, 27 de novembro de 2011

37. Shweta Jhaveri (Índia) / Música Antigua (Espanha) – “As Cantigas em Galaico-Português”

Encantos da Alma (27/11/2011)

Destaques:
1.ª Hora: Shweta Jhaveri (Índia)
“Segundo a tradição hindu, hoje, 27 de Novembro, comemora-se o Dia de Parvati Devi, a esposa de Shiva, o deus supremo. Para celebrar a data, optámos por destacar uma ilustre representante do raga, a música clássica indiana, que assume um papel vital no quotidiano do povo do subcontinente.
Segundo a tradição indiana, o raga tem como fim último, no que é acompanhado por todas as outras artes, a condução do Homem à comunhão com o divino. Para o conseguir, o raga tem de estar em consonância com a ordem universal, o que implica ao seu executante dezenas de anos de aquisição de conhecimentos técnicos e espirituais de grande complexidade, seguindo as directrizes de um guru, o qual recebeu esses ensinamentos e essas revelações da mesma maneira. Só possuindo esses conhecimentos, é possível viver em harmonia com o Universo e interagir com as vibrações cósmicas.
Shweta Jhaveri, do norte da Índia, especializou-se no Drut Khayal, o estilo mais elegante e tecnicamente mais exigente do raga. Bacharel em Literatura e mestre em Composição Musical, Shweta Jhaveri tornou-se, ainda assim, numa das cantoras mais notáveis da sua geração. Começou a destacar-se fora da Índia aos 19 anos e, ao fazer-se acompanhar de guitarra, baixo, violino e bateria, tornou-se na primeira vocalista indiana de música erudita a atuar publicamente com músicos ocidentais, fora da tradição clássica indiana. Deu, assim, um toque moderno, inovador e cativante à música tradicional da Índia”.
(02) To a beloved (9:33) “anãhitã”
(05) Bhajan Raga (12:23) “In Various Moods”

2ª Hora: Música Antigua (Espanha) – “As Cantigas em Galaico-Português”
“No âmbito da MOSTRA ESPANHA 2011, O grupo Música Antigua, sob a direcção de Eduardo Paniagua, vai atuar na próxima quarta-feira, dia 30 de Novembro, no TAGV (Coimbra), para apresentar “As Cantigas em Galaico-Português”.
A designação “Cantigas” foi vulgarmente utilizada nos reinos castelhano e português, até meados do século XV, para se referir, na língua galaico-portuguesa, a uma composição poético-musical sagrada ou profana. De um total de aproximadamente duas mil cantigas galaico-portuguesas da Baixa Idade Média, existentes em vários cancioneiros, infelizmente apenas se conservaram com música as seis obras atribuídas ao jogral de Vigo, Martim Codax, e as pertencentes ao fabuloso espólio conhecido por “Cantigas de Santa Maria”.
A colecção de “Cantigas de Santa Maria” abarca 426 obras dedicadas à Virgem e foram compostas na segunda metade do século XIII, por volta de 1250-80, sob a direcção do então rei de Castela, Afonso X, o sábio (1221-1284). Pela sua coerência temática e formal, pela sua homogeneidade estilística, pelo seu número e até pela beleza dos próprios manuscritos que as contêm (alguns deles com luxuosas miniaturas), esta colecção tornou-se num fenómeno particular na história da música medieval e constitui o cancioneiro com mais variedade de temas acerca da Virgem Maria em toda a Europa”.
(10) CSM 198 Paz entre enemigos (Muitas vezes volv’o demo) (5:49) “Cantigas de Extremadura”
(11) CSM 393 Macar é door a rravia maravillosa e forte (7:19) “Remedios Curativos”
(01) CSM 2 Muito devemos, varões, loar a Santa Maria (7:27) “Cantigas de Toledo”

domingo, 20 de novembro de 2011

36. Värttinä (Finlândia) / Nectarios Karantzis & Savina Yannatou (Grécia)

Encantos da Alma (20/11/2011)
Destaques:
1.ª Hora: Värttinä (Finlândia)
“O grupo finlandês Värttinä, cujo nome significa fuso, foi criado em 1983 pelas irmãs Sari e Mari Kaasinen e teve, ao longo dos anos, variadíssimas formações. Cantoras entraram e saíram, abriram-se as portas aos homens e chegaram a incluir um coro de 21 crianças. A partir de 2009, as Värttinä passaram a enquadrar seis elementos, as vocalistas Susan Aho, Johanna Virtanen e Mari Kaasinen (que continua a liderar o grupo) e os instrumentistas Lassi Logren, Hannu Rantanen e Toni Porthen.
Consideradas as melhores vozes femininas da folk escandinava, as Värttinä têm mostrado, desde 1987, uma visão contemporânea da tradição vocal e da poesia popular da Carélia, uma região isolada na fronteira entre a Finlândia e a Rússia. Tensas, por vezes ferozes, mas sempre harmónica e timbricamente muito belas, as vozes das Värttinä constituem um bálsamo para os ouvidos.
Sem contar com as compilações e registos ao vivo, as Värttinä têm 10 discos em estúdio: The First Album(1987), Musta Lindu (1989), Oi Dai(1991), Seleniko (1992), Aitara(1994), Kokko (1996), Vihma (1998), Ilmatar (2000), iki (2003) e Miero (2006). A última edição da banda, a compilação intitulada simplesmente 25, data já de 2007 e comemora os seus 25 anos de carreira”.
(04) Sulhassii (2:55) “Seleniko”
(02) Mie oon musta (2:17) “Oi Dai”
(11) Emoni ennen (2:58) “Kokko”
(12) Eerama (1:59) “Miero”
(05) Matalii ja mustii (2:57) “Seleniko”
(05) Miinan laulu (3:13) “Oi Dai”
(08) Outona omilla mailla (3:27) “Aitara”

2ª Hora: Nectarios Karantzis & Savina Yannatou (Grécia)
“A Odisseia de Homero é um dos dois principais poemas épicos da Grécia Antiga, tendo sido escrita provavelmente no fim do século VIII a.C., na Jónia (região da costa da Ásia Menor, então controlada pelos gregos, e atualmente parte da Turquia). Como é sabido, o poema relata o regresso à sua terra natal, Ítaca, do herói da Guerra de Tróia, Odisseu (ou Ulisses, como era conhecido na mitologia romana).
Em parte, uma sequência da Ilíada, do mesmo autor, a Odisseia é, historicamente, a segunda mais antiga obra existente da literatura ocidental - sendo a primeira a própria Ilíada - e constitui um poema fundamental para os cânones ocidentais modernos. Abrangendo 12.110 versos, foi escrita num dialeto poético, que não pertence a qualquer região definida. A linguagem homérica combina locais e tempos num idioma à parte, feito para a epopeia. Nunca foi falada, a não ser pelos poetas.
A comissão do Município de Ítaca para a criação de música a partir de extratos do antigo texto de Homero começou por colocar várias reservas, nomeadamente quanto ao estilo, à forma, à escolha do material e ao seu desenvolvimento, bem como à adequação de um marco da literatura mundial à música especificamente “helénica”. Ainda assim, os gregos Nectarios Karantzis & Savina Yannatou encetaram a difícil tarefa de musicar a obra-prima de Homero, daí resultando o registo Omirou Odysseia” (2011 Lyra). Sem preocupações etnomusicológicas, optaram por adequar a música a características gregas, nomeadamente à austeridade e à harmonia da arquitetura dórica, dispensando, no entanto, os ornamentos e o profundo poder expressivo da música folk grega. O resultado é o que vamos ouvir de seguida.”
(10) Perifron Pinelopeia (Nectarios Karantzis) (4:40)
(06) O Kirki (Savina Yannatou) (3:43)
(02) Patrida Gaian (Savina Yannatou) (4:16)
(01) Andra Moi Ennepe (Savina Yannatou) (7:19)

domingo, 13 de novembro de 2011

35. Taraf de Haïdouks (Roménia) / Fortuna (Brasil)

Encantos da Alma (13/11/2011)
Destaques:
1.ª Hora: Taraf de Haïdouks (Roménia)
Taraf (que quer dizer agrupamento cigano de constituição variável) de Haïdouks (que significa o marginal que no passado se opunha ao senhor feudal, o símbolo da luta do oprimido contra o opressor) é o colectivo da Roménia mais bem sucedido de sempre. Compõem-no intérpretes de três gerações, segundo a tradição dos “lautari” (músicos de diferentes gerações, da mesma família, reunidos no mesmo grupo) e Portugal teve já a felicidade de os ver actuar ao vivo, em Coimbra e em Sines.
A magia e o tecnicismo impressionante dos Taraf de Haïdouks, com as suas tradições, bênçãos e maldições, tocam fundo nas entranhas da Valáquia. Instrumentos do diabo sobre narrações da vida e dos rituais ciganos resultam em belíssimas baladas de amor e de tristeza e em autênticos monumentos de apelo aos sentidos.
Os Taraf de Haïdouks têm, até à data, sete publicações, editadas pela criteriosa etiqueta belga Crammed Discs: Musique des Tziganes de Roumanie (1991), Honourable Brigands, Magic Horses & Evil Eye (1994), Dumbala Dumba (1998), Band of Gypsies (2001) e Maskarada(2007), para além do DVD The Continuing Adventures of Taraf de Haïdouks (2006) - que inclui um concerto ao vivo no Union Chapel de Londres, documentários, entrevistas, um excerto do filme “Latcho Drom” (onde participam), discografia e fotos, bem como um CD ao vivo com 3 temas nunca antes gravados - e para além de Band of Gypsies 2 (2011), um disco ao vivo com a Kokani Orkestar.”
(14) Suita Maskarada (5:35) (Instrumental / leitura) Maskarada

2.ª Hora: Fortuna (Brasil)
“Cantora, compositora e atriz de origem judaica, Fortuna cresceu em São Paulo (Brasil), ligada à música, à dança e ao teatro. O capítulo decisivo de sua carreira começou a ser escrito a partir de uma viagem a Israel, em 1991. Ao ouvir uma obra do cancioneiro ladino ou judaico-espanhol, Fortuna percebeu ter encontrado a matéria-prima para uma proposta estética única, em que música, dança e dramaturgia convergem na recriação de um riquíssimo legado cultural.
O contacto com a tradição musical ladina dos sefarditas, isto é, dos judeus de Sefarad (o nome hebraico da Península Ibérica), mudaria a vida de Fortuna e daria um novo rumo à sua obra. Começou, então, a encetar um trabalho de pesquisa e investigação das canções medievais que permaneciam praticamente esquecidas. O resultado dessa demanda iluminou a sua trajetória e, nos anos seguintes, gravaria, de forma independente, os seus sete registos: La Prima Vez (1993), Cantigas (1994), Mediterrâneo (1996), Mazal (1999), Cælestia” (gravado com o Coro de Monges Beneditinos do Mosteiro de São Bento, São Paulo) (2001), Encontros” (que para além dos Beneditinos, inclui a participação do Coro do Projeto Guri, formado por crianças e adolescentes de Osasco, São Paulo) (2003) e Novo Mundo(que conta com a participação do intérprete pernambucano António Nóbrega) (2006). Com distribuição na Argentina, Espanha, Israel e Estados Unidos, a discografia de Fortuna soma quase 100 mil cópias vendidas e foi recebendo elogiosas críticas pelas publicações da especialidade, ao longo dos anos.”
(05) Terra (4:32) (Instrumental / leitura) Novo Mundo
(04) No me puso mi madre cosa ninguna (Morocco) (1:23) La Prima Vez
(03) Sefarad (4:03) Mazal
(11) Avram Avinu (3:39) Mazal
(07) Yedei Rashim (3:28) Cælestia
(07) Shemá (1:38) Mediterrâneo
(09) La Serena (Salonika, Greece) (1:23) La Prima Vez