quarta-feira, 31 de agosto de 2011

19. Mariem Hassan (Sahara Ocidental) / Arianna Savall (Suíça/ Catalunha)


Encantos da Alma (17/04/2011)
 Destaques:
1ª Hora: Mariem Hassan (Sahara Ocidental)
MariemHassan é a mais importante voz e, de certa forma, a embaixadora da música do Sahara Ocidental. Fazendo-se acompanhar por tambores tradicionais, guitarras hipnóticas, palmas cadenciadas e coros efusivos, Mariem canta apaixonadamente os blues do deserto e narra as difíceis condições do povo Saharaui. Com a sua intensidade e poder, a voz de Mariem é a espinha cravada na alma mórbida da consciência marroquina e na apática amnistia internacional. A sua paleta de emoções oscila entre o desafio e a melancolia, evocando o amor pela pátria e a alegria do ardente vento do deserto.
Depois da Espanha ter deixado o Sahara Ocidental a Marrocos e à Mauritânia, o povo Saharaui, antes maioritariamente nómada, passou a viver no exílio, em grandes campos, tendo Mariem passado vinte e sete anos no campo de Smara (Argélia), onde nasceram os seus cinco filhos.
Mariem Hassan começou por enquadrar o grupo El Hafed, mas foi com os Leyoad, que se começou a notabilizar, ao gravar para a editora espanhola Nubenegra o disco “Mariem Hassan con Leyoad(2002). Seguiu-se-lhe “Medej(2004), uma colecção de cantos espirituais antigos, em conjunto com várias mulheres saharaui, mas a consagração só chegou com “Deseos(2005), o seu primeiro álbum a solo, uma obra ardente, sólida e plena de ritmo. Em 2009, Mariem regressou com “Shouka (A espinha), um hino desafiante, honesto e eloquente, para orgulho e alento do povo saharaui, bem como de dor e suplício desde a invasão marroquina do Sahara Ocidental, em 1975.”
(01) Id Chab (3:34) “Mariem Hassan con Leyoad”
(09) Aglana (5:08) “Medej”
(03) La Tumchu Anni (4:47) “Deseos”
(01) Azzagafa (4:49) “Shouka”

2ª Hora: Arianna Savall (Suíça/ Catalunha)
“Filha dos famosos músicos catalães Jordi Savall e Montserrat Figueras, Arianna Savall nasceu em 1972 em Basileia (Suíça). Com uma educação voltada para a música, desde cedo, aos 10 anos, começou a dedicar-se ao estudo da harpa clássica; em Barcelona, começou também a ter lições de canto no Conservatório de Terrassa e em Toulouse estudou performance histórica com Rolf Lislevand, tendo tirado vários cursos sob a direcção dos prestigiados Andrew Lawrence-King e Hopkinson Smith, bem como dos seus pais. Em 1996, Arianna regressou à Suíça para continuar os estudos de voz com Kurt Widmer e harpa, na Schola Cantorum Basiliensis, onde também estudou música medieval com Dominique Vellard.
Apesar de só em 2001 ter concluído os estudos, desde 1997 que Arianna Savall já tomava parte nos concertos e gravações dos grupos Hespèrion XX, La Capella Reial de Catalunya, Malapunica, Ricercar Consort e Il Desiderio, entre outros dedicados à música antiga.
Em 2003, Arianna Savall editou Bella Terra e em 2009 Peiwoh, os seus únicos registos a solo até à data, ambos para a Alia Vox, dois belos compêndios de música antiga e de New Age com influências celtas, brasileiras e mediterrâneas. Neles, Arianna musica poemas espanhóis e árabes e inspira-se na lenda taoista que nos narra o mistério da arte como um processo mágico que nos explica que, já em tempos remotos, a criação artística se vivia como um acto sagrado.”
(02) Yo m’enamorí d’un aire (5:08) “Bella Terra”
(12) Adoucit la Mélodie (4:18) “Peiwoh”
(08) El Rey que tanto madruga (5:17) “Diáspora Sefardí”
(09) Apo xeno meros (2:57) Du temps & de l’instant

18. Yungchen Lhamo (Tibete) / Estampie (Alemanha)


Encantos da Alma (10/04/2011)
 Destaques:
1ª Hora: Yungchen Lhamo (Tibete)
“O Budismo do Tibete sustenta como ideal supremo o desejo de trazer benefícios a todos os seres vivos. Assim, as canções budistas são cantadas como uma oferenda e, por isso, quem as interpretar com alma pode sentir as bênçãos e ser inspirado pela sua intenção. Foi o que aconteceu a Yungchen Lhamo, cujo nome significa deusa da canção, atribuído por um Budista lama, quando ainda bebé.
Nascida e criada no Tibete, desde muito cedo Yungchen Lhamo teve uma esmerada educação, orientada pela mãe, tia e avó para a espiritualidade e para um perfeito desempenho da voz. Aos 25 anos, Yungchen deslocou-se do Tibete à Índia, caminhando pelos Montes Himalaias, numa viagem perigosa, para receber a bênção do Dalai Lama.
O poder e a pureza da voz de Yungchen Lhamo dão alma à sua devoção espiritual, como podemos constatar pela audição de Tibet Tibet (1996) e de Coming Home (1998), os dois primeiros registos gravados para a Real World. Em Ama(2006), o terceiro álbum para a etiqueta britânica, Yungchen Lhamo envereda por novas vias para fazer passar a sua mensagem de resistência pacifista à ocupação chinesa do Tibete e enceta o diálogo com músicos ocidentais, experimentando equações que não desvirtuam a tradição tibetana, ao mesmo tempo que lhe conferem colorações mais vivas e acessíveis.”
(06)  Lhasa Pumo (3:40) “Tibet Tibet”
(08)  Dradul Nyenkyon (4:10) “Tibet Tibet”
(01)  Happiness Is… (5:06) “Coming Home”
(04)  Tara (5:06) “Ama”

2ª Hora: Estampie (Alemanha)
Estampie é o nome de um ensemble formado em 1985 em Munique por Michael Popp, Ernst Schwindl e Sigrid Hausen. Os Estampie fazem uma música de extraordinária densidade, tanto no aspecto formal como sob o ponto de vista emocional. Utilizam instrumentos acústicos da época medieval e fazem-no de tal modo que a sua música soa como se fosse electrónica. Tal se deve, sobretudo, ao organistrum, sanfona gigante e ícone musical, visual e ideológico da banda, como que uma gárgula medieval produtora de sons mutantes e fascinantes. Imagine-se uma “estampie” medieval dançada numa catedral gótica que, por artes mágicas, se tivesse transformado numa imensa discoteca. Dir-se-ia que a música dos Estampie quase anula o poder discriminatório da História: tanto pode ser encarada como a música medieval dos tempos modernos como a música “electrónica” da Idade Média”.
Até à data, os Estampie editaram oito registos: A Chantar (1990), Ave Maris Stella” (1991), Ludus Danielis (1994), Crusaders (1996), Materia Mystica (1998), Ondas (2000), Fin Amor (2002) e Signum (2004).”
(05) Ondas do mar (4:06) “A Chantar”
(15)  Stella splendens (5:29) “Ave Maris Stella
(10) Non e gran cousa (5:01) “Signum”
(11) Palästinalied (4:42) “Crusaders”

17. Boubacar Traoré (Mali) / Agnes Buen Garnas & Jan Garbarek (Noruega Medieval)


Encantos da Alma (03/04/2011)
 Destaques:
1ª Hora: Boubacar Traoré (Mali)
Boubacar Traoré nasceu em Kayes, a noroeste do Mali. Professor de profissão, Boubacar tem, no entanto, como verdadeira paixão a encantadora música de guitarras da região de Khassonke, que utiliza combinada com elementos do blues e do folk europeu.
Nos anos 70, Traoré emigrou para Paris e absorveu as influências do ocidente europeu. Quando regressou ao Mali, a sua música ganhou novos contornos e popularizou-se, passando a ser tocada regularmente na Rádio. Como Traoré não era um Jali, sentia-se livre para compor o seu próprio material, pelo que foi escrevendo letras que forneciam uma visão refrescante do reportório tradicional Mandinga.
As preocupações de Traoré são essencialmente sociais e sentimentais e a sua linguagem directa e apaixonada. As suas canções abordam todos os aspectos da sociedade e todas as faixas etárias. Encoraja a juventude a seguir os valores sociais dos seus pais, enfatiza a importância da verdade e sobrevaloriza o amor em relação ao dinheiro, entre outras mensagens.
Boubacar Traoré editou, até à data, oito registos: Mariama (1990), Kar Kar (1992), Les Enfants de Pierrette (1995), Sa Golo (1996), Maciré (1999), Je Chanterai pour toi (2003), Kongo Magni (2005) e Mali Denhou (2011). Harmónicas, ngoni e hipnose em seis cordas cristalinas remetem-nos para o mundo do blues do Mali. As percussões do balafon e do calabash, plenas de ritmo, acompanham os passos lentos. A África profunda jorra por todos os lados!”
(02) Mouso Tèkè Soma Ye (6:16) “Sa Golo”
(01) Mariama Kaba (5:35) “Mariama“
(05) Minuit (4:13) “Mali Denhou”
(03) Kanou (7:05) “Kongo Magni”

2ª Hora: Agnes Buen Garnas & Jan Garbarek (Noruega)
“Em certa medida, a Música Medieval na Noruega e nos outros países escandinavos, tem sido quase sempre sinónimo de baladas nórdicas para dançar, que dependem da cooperação entre o vocalista principal, que narra uma história na língua vernácula, e a sua audiência, que dança. Mas, apenas um pequeno número de peças medievais sobreviveram na Noruega e torna-se mesmo difícil decidir o que é norueguês dessa época. Há autores que consideram virtualmente impossível constituir um programa que inclua exclusivamente a música medieval da Noruega, mesmo que se utilizem fontes daí originárias. Contudo, é possível elaborar um programa com uma ou outra conexão com a Noruega da Idade Média até cerca de 1500, quando os reis locais, tal como outros príncipes da Europa do tempo, começaram a dar ênfase à música como uma importante actividade cultural das cortes.
Rosensfole: Medieval Songs from Norway (1989 ECM), cantado em norueguês por Agnes Buen Garnas, acompanhada por Jan Garbarek em sintetizadores, percussão e saxofones, abarca um repertório do país que recua no tempo até à idade Média. Não pode, no entanto, ser encarado como uma recolha de material folclórico tradicional, já que ao trabalho não presidem quaisquer critérios musicológicos explícitos. Trata-se, simplesmente, de uma série de adaptações de altíssima qualidade, em que dois excelentes intérpretes se juntam para reanimar uma fonte de inspiração que não pode ser esquecida. Apesar da recriação ser livre e inteiramente determinada por critérios subjectivos, mas não necessariamente arbitrários, estamos na presença de uma pérola intemporal, daquelas que se levam para uma ilha deserta.”
(05) Venelite (7:34)
(04) Maalfri mi fruve (5:12)
(09) Grisilla (7:15)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

16. Souad Massi (Argélia) / Soeur Marie Keyrouz (Líbano)


Encantos da Alma (27/03/2011)
 Destaques:
1ª Hora: Souad Massi (Argélia)
 “O Ciclo dedicado às músicas do mundo na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa na Temporada 2010/ 2011 oferece amanhã, dia 28 de Março, a argelina Souad Massi substituindo a indiana Anoushka Shankar que cancelou todos os seus espectáculos previstos para esta altura.
Nascida na Argélia em 1972, Souad Massi destacou-se como vocalista e guitarrista, sofrendo influências do flamenco e de cantautoras de intervenção como Joan Baez, em proveito de um estilo muito pessoal e criativo, aberto ao Norte e ao Sul, ao Oriente e ao Ocidente. Apadrinhada por importantes músicos como Geoffrey Oryema, Thierry Robin, Idir e a Orquestra Nacional de Barbes, Souad Massi rapidamente se converteu numa das revelações indiscutíveis da música do Magrebe.
Souad começou por editar o registo Raoui – que significa “contadora de histórias” – cujos textos, em árabe e em francês, indiciavam o surgimento de uma nova cantora de intervenção. Em 2003 editou Deb (heart broken), um álbum onde Souad mostrava a sua faceta mais poética e romântica. Em 2005, a jovem argelina regressou com Honeysuckie (Mesk Elil), um álbum onde se revelavam canções pop com arranjos de luxo. Depois de um álbum ao vivo (Live acoustique de 2007), Souad Massi regressou em 2010 para lançar "Ó Houria", um trabalho subtil, apaixonado e desarmante onde a cantora e guitarrista argelina, radicada em Paris, incorpora as influências ocidentais nas suas raízes. À música árabe e à pop, adornadas pela voz de arabescos de Souad, juntam-se guitarras, ukelele, bouzouki, mandolim, oud, piano, acordeão e percussões várias.”
(01) Samira Meskina (4:02) “Ó Houria”
(01) Raoui (4:27) “Raoui”
(02) Ghir enta (5:07) “Deb (heart broken)”

(10) Why is my heart sad (malou) (6:08) “Honeysuckie (Mesk Elil)” 

2ª Hora: Soeur Marie Keyrouz (Líbano)
“A libanesa Marie Keyrouz alia os seus profundos conhecimentos musicológicos do canto sacro ocidental e oriental a uma voz com um timbre de rara beleza e espiritualidade. Observando o ritmo ortodoxo grego, de onde uma parte da liturgia é em siríaco, os álbuns Chant Byzantin (1989), Chant Traditionnel Maronite (1991) e Chants Sacrés Melchites (1994) revelam-nos um trabalho que Marie Keyrouz vem desenvolvendo em prol da divulgação do canto sacro subjacente a liturgias específicas que teimam em sobreviver no conturbado e dito berço da humanidade. Em 1996, Marie Keyrouz editou Cantiques de l’Orient”, em 1999 Sacred songs from East & West”, em 2001Psaumes pour le 3ème Millénairee em 2003Hymnes to Hope”, registos carregados de salmos e hinos à esperança e de ecos do amor infinito de Deus pelo Homem.
Em 2008, Marie Keyrouz editou o seu último registo, intituladoLa Passion dans les Eglises Orientales, produzido pela Univerkey, sendo os benefícios da sua venda canalizados para a ajuda à escolarização das crianças desfavorecidas do Líbano. Uma vez mais, Marie Keyrouz brindou-nos com poemas líricos de inspiração religiosa, litúrgica, espiritual ou muito simplesmente humana, uma vez que “La Passion” busca a sua essência nos temas musicais mais antigos do canto tradicional maronita, melchita, siríaco e bizantino.”
(01) Man hadha I malik (4:00) “La Passion”
(02) Ilahi hanayta-s-sama (8:11) “Cantiques de l’Orient”
(02) Hymnes byzantines de l’office de la Passion (7:09) Psaumes pour le 3ème Millénaire

15. Wimme Saari (Etnia Sáami /Finlândia) / Al Andaluz Project (Alemanha/ Espanha/ Marrocos)


Encantos da Alma (20/03/2011)
 Destaques:
1ª Hora: Wimme Saari (Etnia Sáami /Finlândia)
“O território da Lapónia estende-se pela Suécia, Noruega e Finlândia, ora por planícies e lagos numa sinfonia única de verde e azul, ora por montanhas impenetráveis e florestas cerradas de bétulas e arbustos carregados de espinhos. Por todo o lado, o inconfundível cheiro a peixe fumado, o dia vencendo a noite com o sol bailarino da meia-noite e o joikh, o canto xamânico do povo Sáami em dias festivos.
De acordo com a tradição, os Sáami são os herdeiros directos das canções dos Uldas, uma indefinida espécie de criaturas mitológicas residindo nas florestas, nos lagos e nas montanhas. Cantar de acordo com a tradição, significa, na Lapónia, fazê-lo com total espontaneidade, privilegiando a expressão de sentimentos e de emoções, sob a forma de melodias quase demoníacas. É isto o joikh, que o povo Sáami canta, seja pelo prazer de saudar o Sol, sozinhos ou em pequenos grupos perdidos na imensidão da tundra, seja durante as festas ou no decurso das reuniões de família.
A par de Ulla Pirttijärvi e Mari Boine, Wimme Saari assumiu-se como um dos maiores cantores joikh. Com seis discos editados (Wimmede 1995, "Gierran" de 1997, Cugu de 2000, Bárru de 2003, Gapmu de 2004 e Munde 2010) e colaborações com artistas como Hedningarna ou Hector Zazou, Wimme Saari é exímio na improvisação e na gestão do arco tímbrico exigido pelo canto gutural do joikh, apresentado a capella ou com a delicada companhia instrumental de clarinete, percussões, cordas e electrónica.”
(12) Agálas johtin / The Eternal Journey (Até 5:56) “Cugu”
(27) Soajaidat vuollái govcca /Take me under thy Wings (1:30) “Gapmu /Instinct”
(01) Soahkesuovva / Birch Smoke (5:21) Mun
(06) Boaimmás / Rough-Legged Buzzard (5:35) “Wimme”
(02) Havana (4:41) Gierran
(04) Suhpi / Aspen (4:15) “Bárru”

2ª Hora: Al Andaluz Project (Alemanha/Espanha/Marrocos)
“A implementação da ideia da formação do Al Andaluz Project é a história do encontro de duas formações musicais, os consagrados Estampie e os quase desconhecidos L'Ham de Foc. Michael Popp, director musical dos Estampie, ensemble alemão bem conhecido na cena da música medieval pela sua inovação e qualidade, após um concerto em Espanha, recebeu uma gravação dos L´Ham de Foc, uma banda de Valência que se dedica a misturar as sonoridades do Mediterrâneo oriental com a música medieval. Algumas semanas mais tarde, os valencianos actuaram em Munique, base dos Estampie, e Michael Popp, entusiasmado com o disco que recebera, aproveitou a oportunidade e propôs um projecto comum com os músicos espanhóis.
Durante os vários encontros em Munique e em Valência, altamente produtivos e inspiradores, foram trocadas experiências entre os músicos e novas ideias foram surgindo. Com três extraordinárias vozes femininas, o Al Andaluz Project dedicou-se a interpretar os géneros dominantes da música da Península Ibérica da Idade Média: A espanhola Mara Aranda a cantar os romances sefarditas, a alemã Sigrid Hausen a interpretar as cantigas galaico-portuguesas do Cancioneiro de Santa María e a marroquina Iman al Kandoussi a interpretar as canções árabes. Acompanham-nas exímios músicos espanhóis, alemães e marroquinos, que se socorrem pontualmente de percussionistas da Índia e da Rússia.
Deus et Diabolus(Galileo 2007) e Al-Maraya(Galileo 2010), os dois discos editados pelo Al Andaluz Project, até à data, dois exemplos perfeitos de autênticos intercâmbios culturais que ultrapassam datas e fronteiras, revelam um domínio perfeito de inúmeros instrumentos antigos e tradicionais (a sanfona, a nyckelharpa, o saz, o qanun, o oud, o rabab e a tabla, entre outros), sobrevoando as fabulosas vozes de Sigrid, Mara e Iman.”
(09) Hija mia (3:30) “Al-Maraya”
(09) Atiny naya  (2:28) “Deus et Diabolus”
(07) La galana y el mar (5:12) “Deus et Diabolus”
(12) Las suegras de ahora (5:15) “Deus et Diabolus”
(03) Un sirventes novel (4:35) “Al-Maraya”

14. Victor Démé (Burkina Faso) / Aromates (França/…)


Encantos da Alma (13/03/2011)
 Destaques:
1ª Hora: Victor Démé (Burkina Faso)
“O cantor mandinga Victor Démé, do Burkina Faso, herdou a música por parte da mãe, uma artista griot muito solicitada para grandes casamentos e baptizados, nos anos 60. Da parte do pai, seguidor de uma linha de costureiros da etnia Marka (dos mandingas da África Ocidental), herdou o gosto pela moda. Quando adolescente, Victor Démé começou a trabalhar de dia no ateliê de costura do pai em Abidjan e à noite a frequentar os clubes da capital e a cantar em alguns pequenos grupos. À medida que foi crescendo, Démé granjeou uma reputação nos clubes da Costa do Marfim, nomeadamente no seio da famosa orquestra Super Mandé.
Em 1988, Victor Démé regressou ao Burkina Faso, quando o país beneficiava do ímpeto do revolucionário vermelho Thomas Sankara, que, antes de ser assassinado, trabalhou para a valorização da criação artística. Démé tinha então 26 anos e a sua paixão musical atingia o auge, conquistando vários prémios musicais e sendo recrutado pelas principais orquestras de Ouagadougou.
Em 2007, com a ajuda de um jornalista e de activistas do Soundicate, Démé fundou a Chapa Blues para promover a sua própria música. Em 2008, após 30 anos de carreira e 46 de idade, editou o seu primeiro disco, simplesmente intitulado “Victor Démé e, em 2010, regressou com “Deli”, o segundo e último até à data. Em ambos, Démé, na língua dioula, apela à solidariedade nacional, advoga à tolerância em relação ao próximo, presta homenagem às mulheres do Burkina Faso ou interpreta temas da música tradicional mandinga. Mosaicos singulares de melodias folk-blues e pequenos romances griots intimistas, com influências da salsa e do flamenco, dão, assim, um precioso contributo para o conhecimento da extraordinária riqueza da música da África Ocidental.”
(02) Djôn' maya (4:04) “Victor Démé”
(12) Djabila (6:16) “Victor Démé”
(13) Kéeba Sekouma (4:42) “Deli”
(01) Hinè Ye Deli Lé La (4:59) “Deli”

2ª Hora: Aromates (França/…)
“Os sete séculos da presença árabe em Espanha, de 711 a 1492, permitiram a emergência de uma civilização tolerante, em que três religiões monoteístas (a cristã, a judaica e a muçulmana) e povos de diversas origens vivessem em harmonia.
Na Andalusia desse tempo, as cidades de Córdova, Sevilha e Granada tornaram-se importantes centros culturais, artísticos e religiosos. O nome Andalusia é proveniente da designação árabe “Al-Andalus”, por sua vez originária da visigótica “Landahlauts”, que também derivou de outra palavra, “Vandalusia”, utilizada pelos Vândalos; designavam todas, uma vasta área que abarcava grande parte da Península Ibérica.
O Ensemble Aromates, liderado pela francesa Michèle Claude, começou por lançar dois discos dedicados à música arabo-andalusa do Médio Oriente, Jardin de Myrtes: Mélodies andalouses du Moyen-Orient (2005 Alpha) e Rayon de Lune: Musique des Ommeyades (2007 Alpha), No primeiro, os Aromates revisitam o repertório de Ziryâb, um antigo escravo do século IX proveniente de Bagdad, que se tornou um grande poeta, músico e cantor, bem como dos seus sucessores, dando-nos a conhecer um oriente barroco e um ocidente oriental. No segundo, os Aromates debruçam-se sobre a música dos Omíadas (711-714) que, depois de derrotarem o rei visigodo Rodrigo, desenvolveram na Península Ibérica uma próspera civilização, dominada por matemáticos, astrólogos, médicos, filósofos músicos, poetas, arquitectos...
Em 2009, o Ensemble Aromates lançou Aksak: Mélodies du sud des Balkans (Alpha), propondo-se revisitar a música do nordeste do Mediterrâneo, mais precisamente do sul dos Balcãs. Mergulharam, então, nos perfumes de temas búlgaros, macedónios ou gregos, piscaram o olho à música erudita e à improvisação e basearam-se em ornamentações ocidentais e nas melodias ciganas.
Músicos de formação clássica utilizando instrumentos antigos (viola de gamba, sanfonas, saltério, organeto, clavecino, percussões) e mais modernas (flautas, violões, contrabaixo…) e deambulando entre a tradição e a improvisação, os Aromates editaram três registos inovadores que nos revelam um surpreendente oriente erudito.”
(02) Dospat (5:08) “Aksak”
(01) Ouverture Nawa Athar (7:03) “Jardin de Myrtes”
(04) Vent de Grenade (3:59) “Rayon de Lune”  
(01) Rayon de Lune (3:12) “Rayon de Lune”