Encantos da Alma (13/03/2011)
Destaques:
“O cantor mandinga Victor Démé, do Burkina Faso, herdou a música por parte da mãe, uma artista griot muito solicitada para grandes casamentos e baptizados, nos anos 60. Da parte do pai, seguidor de uma linha de costureiros da etnia Marka (dos mandingas da África Ocidental), herdou o gosto pela moda. Quando adolescente, Victor Démé começou a trabalhar de dia no ateliê de costura do pai em Abidjan e à noite a frequentar os clubes da capital e a cantar em alguns pequenos grupos. À medida que foi crescendo, Démé granjeou uma reputação nos clubes da Costa do Marfim, nomeadamente no seio da famosa orquestra Super Mandé.
Em 1988, Victor Démé regressou ao Burkina Faso, quando o país beneficiava do ímpeto do revolucionário vermelho Thomas Sankara, que, antes de ser assassinado, trabalhou para a valorização da criação artística. Démé tinha então 26 anos e a sua paixão musical atingia o auge, conquistando vários prémios musicais e sendo recrutado pelas principais orquestras de Ouagadougou.
Em 2007, com a ajuda de um jornalista e de activistas do Soundicate, Démé fundou a Chapa Blues para promover a sua própria música. Em 2008, após 30 anos de carreira e 46 de idade, editou o seu primeiro disco, simplesmente intitulado “Victor Démé” e, em 2010, regressou com “Deli”, o segundo e último até à data. Em ambos, Démé, na língua dioula, apela à solidariedade nacional, advoga à tolerância em relação ao próximo, presta homenagem às mulheres do Burkina Faso ou interpreta temas da música tradicional mandinga. Mosaicos singulares de melodias folk-blues e pequenos romances griots intimistas, com influências da salsa e do flamenco, dão, assim, um precioso contributo para o conhecimento da extraordinária riqueza da música da África Ocidental.”
(02) Djôn' maya (4:04) “Victor Démé”
(12) Djabila (6:16) “Victor Démé”
(13) Kéeba Sekouma (4:42) “Deli”
(01) Hinè Ye Deli Lé La (4:59) “Deli”
2ª Hora: Aromates (França/…)
“Os sete séculos da presença árabe em Espanha, de 711 a 1492, permitiram a emergência de uma civilização tolerante, em que três religiões monoteístas (a cristã, a judaica e a muçulmana) e povos de diversas origens vivessem em harmonia.
Na Andalusia desse tempo, as cidades de Córdova, Sevilha e Granada tornaram-se importantes centros culturais, artísticos e religiosos. O nome Andalusia é proveniente da designação árabe “Al-Andalus”, por sua vez originária da visigótica “Landahlauts”, que também derivou de outra palavra, “Vandalusia”, utilizada pelos Vândalos; designavam todas, uma vasta área que abarcava grande parte da Península Ibérica.
O Ensemble Aromates, liderado pela francesa Michèle Claude, começou por lançar dois discos dedicados à música arabo-andalusa do Médio Oriente, “Jardin de Myrtes: Mélodies andalouses du Moyen-Orient” (2005 Alpha) e “Rayon de Lune: Musique des Ommeyades” (2007 Alpha), No primeiro, os Aromates revisitam o repertório de Ziryâb, um antigo escravo do século IX proveniente de Bagdad, que se tornou um grande poeta, músico e cantor, bem como dos seus sucessores, dando-nos a conhecer um oriente barroco e um ocidente oriental. No segundo, os Aromates debruçam-se sobre a música dos Omíadas (711-714) que, depois de derrotarem o rei visigodo Rodrigo, desenvolveram na Península Ibérica uma próspera civilização, dominada por matemáticos, astrólogos, médicos, filósofos músicos, poetas, arquitectos...
Em 2009, o Ensemble Aromates lançou “Aksak: Mélodies du sud des Balkans” (Alpha), propondo-se revisitar a música do nordeste do Mediterrâneo, mais precisamente do sul dos Balcãs. Mergulharam, então, nos perfumes de temas búlgaros, macedónios ou gregos, piscaram o olho à música erudita e à improvisação e basearam-se em ornamentações ocidentais e nas melodias ciganas.
Músicos de formação clássica utilizando instrumentos antigos (viola de gamba, sanfonas, saltério, organeto, clavecino, percussões) e mais modernas (flautas, violões, contrabaixo…) e deambulando entre a tradição e a improvisação, os Aromates editaram três registos inovadores que nos revelam um surpreendente oriente erudito.”
(02) Dospat (5:08) “Aksak”
(01) Ouverture Nawa Athar (7:03) “Jardin de Myrtes”
(04) Vent de Grenade (3:59) “Rayon de Lune”
(01) Rayon de Lune (3:12) “Rayon de Lune”
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