Encantos da Alma (27/02/2011)
Destaques:
“Natural de Béchar, uma localidade situada na área desértica do sudoeste da Argélia, Hasna El Becharia é a única mulher no Magrebe a tocar música Gnawa, a tradicional mística de transe que aprendera com o pai, um homem devoto, ele próprio um mestre do sincretismo Gnawi. Género praticado exclusivamente por homens, exerceu, no entanto, um fascínio em Hasna, levando-a a romper com a tradição, o que fez com que fosse alvo de grande rejeição e sarcasmo.
Durante cerca de 30 anos, Hasna El Becharia começou por interpretar as músicas tradicionais dos árabes e berberes do deserto, sobretudo peças para abrilhantar casamentos. Primeiro, tocou numa espécie de guitarra acústica denominada gumbri (um baixo arcaico de três cordas, tradicionalmente feito de tripa); depois adoptou, também, a guitarra eléctrica, não para se aproximar do rock - que chegou à Argélia no final dos anos 50 -, mas para melhor se fazer ouvir durante os concertos, onde o público abafava a sua voz, quando se lhe juntava nas suas músicas. Exímia instrumentista, Hasna toca, ainda, oud, darbouka, bendir e até banjo.
Em 2002, com cerca de cinquenta anos de idade, Hasna lançou o seu álbum de estreia, “Djazaïr Johara” (Label Bleu/Indigo), em Paris, disco que conta com grandes músicos da Argélia, mas também de Marrocos, Tunísia e Níger. Em 2010, Hasna El Becharia regressou com “Smaa Smaa” (Il canto di Lilith/Lusafrica), gravado entre as dunas do Sahara, com simples e extraordinários instrumentos acústicos. Em ambos, Hasna canta com uma voz profunda e quase masculina e expressa inteiramente a sua espiritualidade numa linguagem contemporânea. Por um lado, desenvolve um estilo enraizado na tradição (nos ritmos gnawi, mas também nos populares estilos chaâbi da Argélia e Marrocos) e, por outro, pisca os olhos às novas sonoridades, pontuadas por guitarras, clarinete e violino.”
(06) Hakmet lakdar (5:50) “Djazaïr Johara”
(09) Radi Braïde (6:36) “Djazaïr Johara”
(06) Galbi (3:55) “Smaa Smaa”
(02) Sadrak (4:09) “Smaa Smaa”
“É impressionante que tenham sobrevivido ao tempo um número significativo de composições e de textos teóricos sobre a música da Grécia Antiga. Autores como Platão e Aristóteles, entre outros, contribuíram com informações teóricas, a educação musical e o papel da música na sociedade. Aristoxenus, um discípulo de Aristóteles, escreveu sobre os aspectos práticos da performance musical e, juntamente com Euclides, Pitágoras e Ptolomeu, foi um importante precursor da acústica. Por sua vez, um tratado de Alípio constituiu a principal fonte de informações para a interpretação da notação musical grega. Esses documentos escritos serviram de modelos para os tratados teóricos posteriores e ajudaram a moldar o curso da música ocidental e do Médio Oriente. Outros meios de informação sobre a música grega antiga foram adquiridos a partir dos objectos de arte sobreviventes, especialmente esculturas e pinturas em vasos, que retratam músicos e instrumentos.
Lamentava-se, no entanto, o facto de existir na actualidade apenas um pequeno número de composições da Grécia Antiga. Felizmente, graças a pesquisas recentes, mais de 50 exemplos desse emocionante repertório foram descobertos com notação musical, nomeadamente em Oxyrhynchus (Egipto) e incluídos, pela primeira vez, nos registos do Ensemble De Organographia, um extraordinário grupo de Oregon (EUA) constituído por Philip Neuman e Gayle Neuman, especializado na música da Antiguidade, da Idade Média, do Renascimento e do século XIX.
Descobertas arqueológicas na Síria e no Iraque, durante as últimas décadas, trouxeram ao conhecimento novos documentos musicais que têm aumentado bastante a nossa compreensão da música antiga. Textos que descrevem a notação musical da Babilónia foram descobertos em Ur e em Ashur e composições escritas nesse sistema foram encontrados em Ugarit e Nippur. Essas descobertas ajudaram a clarificar a arte musical Sumero-Babilónica e, enquanto as informações sobre a notação musical egípcia permanecem obscuras por comparação, várias descrições verbais de performances instrumentais e alguns documentos musicais que sobreviveram ao tempo foram identificados.
Na gravação “Music of the Ancient Greeks” (1995, 1997 Pandourion Records), aparece a maior parte do repertório grego antigo existente, preservado principalmente na pedra e no papiro, abarcando quase 800 anos (desde o século V a.C. ao século III), excepto algumas peças que se pensa serem apócrifas, vários fragmentos muito curtos, e uma série de outras peças que aparecem em “Music of the Ancient Sumerians, Egyptians & Greeks” (2006, 1999 Pandourion Records). O repertório desta gravação remonta ao século XX a.C. e vai até ao século III e inclui, entre outras, as instruções musicais para o hino a Lipit-Ištar, o Rei da Justiça, que é considerado o mais antigo exemplo de notação musical sobrevivente até ao nosso tempo.
Todos os instrumentos utilizados nos discos são originais (o par de címbalos krotala, por exemplo) ou cópias de instrumentos antigos, construídos principalmente pelos executantes, a partir de representações iconográficas, nomeadamente a lira, cítara, pandoura, salpinx, trichordon, aulos, psithyra, sistro, monokalamos, siringe e tympanon.”
(25) Harp Piece II (6th c. BC) EGYPTIAN MUSIC (2:02)
(01) Musical Excerpts (2th c. AD) GREEK MUSIC FROM EGYPT (3:02)
(11) A Zaluzi to the Gods (c. 1225 BC) SUMERO-BABYLONIAN (3:49)
(15) Dramatic lament on Ajax's suicide (late 2nd c. AD) (4:26)
(02) Hymn to the Sun, Mesomedes (2nd c. AD) (2:45)
(17) Christian hymn (3rd c. AD) (Oxyrhynchus 1786) (2:27)
(06) Invocation of Calliope and Apollo, Mesomedes (2nd c. AD) (3:21)
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