domingo, 9 de junho de 2013

97. Dimi Mint Abba (Mauritânia) / Ensemble Lyrique Ibérique (Marrocos / França / Grécia)



Encantos da Alma  (09/06/2013)
1ª hora: Dimi Mint Abba (Mauritânia)
“No século XI emergiu em Marrocos o império Almorávida, que estendeu a cultura do Islão a todo o Norte de África. Os habitantes do solo da Mauritânia, conhecidos como Bafour, foram conduzidos para sul por tribos como os Zenagyya e os Sanhadja, onde propagaram uma cultura berber arabizada. Hoje, a sociedade da Mauritânia revela-nos traços dessa cultura e apresenta-se dividida em castas, mostrando a ligação ao seu passado nómada.
Dimi Mint Abba, uma das mais importantes cantoras da Mauritânia, faleceu há dois anos (4 de junho de 2011), num hospital marroquino, pelo que é de toda a justiça a recordarmos aqui, hoje. Conhecida como a "Diva do Deserto", Dimi tinha então 52 anos de idade e era reconhecida no mundo inteiro. Proveniente de uma família musical proeminente na Mauritânia, Dimi Mint Abba pertencia aos 'iggawin' (também conhecidos como "griots"), os transmissores da cultura ancestral do Império Mandinga. Dimi destacou-se no ardin, um instrumento algo semelhante à kora, caraterística do Oeste Africano) e, desde muito nova, também como percussionista.
O reconhecimento internacional de Dimi Mint Abba como cantora começou quando ganhou um prémio no Festival d'Oum Kelthoum, na Tunísia, em 1976. Passou, então, a representar a Mauritânia em vários outros festivais, incluindo o Festival da Juventude Árabe, no Iraque (1977), o Festival de Timgad, na Argélia (1978) e o Festival de Agadir, em Marrocos (1986). O primeiro álbum internacional de Dimi Mint Abba, “Moorish Music from Mauritania” foi editado pela World Circuit em 1990. Esse registo constituiu a primeira gravação de música mourisca com qualidade de estúdio por qualquer artista daquele país e Dimi fez-se acompanhar pelo talentoso vocalista Khalifa Ould Eide. Em 1992, Dimi Mint Abba editou, ainda, “Music and Songs of Mauritania” (Auvidis), um registo onde a “Diva do Deserto” voltou a encantar. Uma voz poderosa e ritmos empolgantes e hipnóticos sobressaem em dois dos mais fascinantes discos da música do continente africano.”

2ª hora: Ensemble Lyrique Ibérique (Marrocos / França / Grécia)
“O cancioneiro dos judeus espanhóis é uma espécie de entreposto enriquecido da diáspora de um povo. Das suas origens na Palestina recebem influências, sobretudo, temáticas, do Velho Testamento nas canções de caráter litúrgico; da sua vivência na Península Ibérica desenvolvem temáticas muito próprias, casando canções medievais francesas com baladas espanholas, harmonizando o sagrado e o profano e desenvolvendo o estilo de canto “a capella”, corporizado, sobretudo, por vozes femininas e que posteriormente faria parte integrante da diáspora judaica para o império otomano.
As comunidades judaicas foram oficialmente expulsas de Espanha em 1492; no entanto, tal como aconteceu em Portugal, algumas permaneceram na Península Ibérica , sob a designação de “conversos”, pelo menos até finais do século XVII, se tivermos em consideração os últimos grandes “autos de fé”, de 1680.
 As canções das comunidades judaicas persistiram no tempo, como, aliás aqui fomos divulgando, através de nomes como Mosaic, Zahava Seewald, Judith R. Cohen, Françoise Atlan, Savina Yannatou, The Renaissance Players, Yasmin Levy, Sarband, Jorge Rozemblum, Suzy, Fortuna, entre outros. Absolutamente imprescindível no domínio da música sefardita é, também, o registo “Romances Judéo-espagnoles”, um conjunto de canções interpretadas em Djudezmo (a língua judaica vernacular) e em Ladino (a linguagem da instrução e da liturgia). Realizou-o o Ensemble Lyrique Ibérique, um trio constituído pela soprano francesa Dominique Thibaudat, pelo cantor, compositor e alaudista marroquino Nabil Khalidi e pelo percussionista grego Pierre Rigopoulos.”
(12) La serena (3:43)
(13) O ke mueve mezes (5:23)
(14) Porke yorach blanka ninya (5:32)
(04) Kuando el rey Nimrod (4:17)

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