domingo, 16 de junho de 2013

98. Dona Dumitru Siminica (Roménia) / Calamus (Espanha)



Encantos da Alma  (16/06/2013)
 1ª hora: Dona Dumitru Siminica (Roménia)
Dona Dumitru Siminica (1926-1979) nasceu em Targoviste, uma fortaleza provincial lautari não muito longe de Bucareste, na Roménia. Nos anos 30, rumou à capital, com a família, atraídos pelo boom da construção entre as duas grandes guerras. O pai de Siminica trabalhou na construção civil durante o dia e tocava o seu violino à noite nos restaurantes suburbanos de Herestrau e Floreasca. Naquela época, a família Siminica viveu no mesmo estaleiro que os irmãos Gore, com quem mais tarde Dona Dumitru Siminica atuaria em festas de casamentos. O jovem cigano herdou tanto o talento do seu pai como o gosto por tocar violino. Trabalhando como pedreiro, passou uma longa temporada a trabalhar como manager, cantor e violinista, antes de se estabelecer como um freelancer no cenário musical em 1962.
Quando Dona Dumitru Siminica cantava "cantece de pahar" (canções de beber), "cantece de jale" (lamentos) ou "cantece de dragoste" (canções de amor) no jardim do café "La Chirigiu", em Bucareste ou no luxuoso restaurante Opera, os clientes ocupavam as mesas tão rapidamente quanto os copos se enchiam de Tuica ou de vinho. Para Dona Dumitru Siminica cantar blues romenos dos subúrbios da capital, delicadamente ornamentados com melodias lentas e hipnóticas, entre a tristeza e o trance, era uma verdadeira paixão. Canções que ofereciam consolo para a solidão e que cuidavam das desilusões dos apaixonados eram muito apreciadas pela audiência. A voz dramática de falsete de Dona Dumitru Siminica raramente conseguia cantar alegres melodias de dança.
Dona Dumitru Siminica editou para a Electrecord romena dois singles, sete EPs, dois LPs e quatro CDs, estes últimos após a sua morte, com repertório editado em vida; em 2006, a Asphalt Tango Records editou a antologia “Sounds from a bygone age - vol. 3”, dando a conhecer ao ocidente uma das mais fascinantes vozes da Roménia e da world music.”
(03) Mosule te-as întreba (7:25) “Mosule te-as întreba”
(01) Cine are fată mare (6:37) “Cine are fată mare”
(01) Inel, inel de aur (6:03) “Inel, inel de aur”

2ª hora: Calamus (Espanha)
“Na ficha técnica do grupo Calamus, de Espanha, encontramos os nomes de Eduardo e Carlos Paniagua, que nos reenviam para outro ensemble que fez história nos domínios da música antiga, os Atrium Musicae de Madrid. Luís Delgado, geralmente presente em projetos de música de fusão, é outro dos elementos dos Calamus, cuja formação se completa com as duas cantoras, Begoña Olavide, já aqui destacada, e Rosa Olavide.
Os cinco elementos que compõem os Calamus, todos eles multi-instrumentistas, usam uma parafernália de instrumentos onde, para além dos caraterísticos oud, târ, qanun, darbuka e guimbri, tocam outros mais exóticos e com nomes mais estranhos como chabbaba, doira, caraqebs e t’ábila. Juntam-se a estes, a flauta, o saltério, a cítola, a viola de arco e o órgão portátil e ficamos com uma ideia da riqueza tímbrica que os Calamus têm à sua disposição.
Os Calamus editaram apenas três registos: Medieval Women’s Songs” (1991), Musica Arabigo-Andaluza/Cantigas de Martin Codax” (1991) eThe Splendour of Al-Andalus” (2008). Imergindo totalmente num som cheio e envolvente, esses discos tanto enquadram as noções mais básicas e enraizadas no inconsciente ocidental da música árabe como as subtilezas de registo e de interpretação, com as quais os Calamus lidam com absoluta competência e agilidade. As vozes das irmãs Olavide optam pelo registo mais etéreo da música antiga, conferindo aos três discos o apelo generalista que poderá conduzir a outro envolvimento e atitude, perante modos mais viscerais de reinvenção deste tipo de repertório.”

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