domingo, 23 de junho de 2013

99. Orchestra Baobab (Senegal) / Ora Sittner (Israel)



Encantos da Alma  (23/06/2013)

1ª hora: Orchestra Baobab (Senegal)
Orchestra Baobab é uma banda do Senegal, fundada em 1970 pelos patrões de uma discoteca chique de Dakar. O nome do grupo advém do baobab (baobá ou embondeiro, em português), árvore de grande porte, que pode atingir 25 metros de altura e 10 de diâmetro e cuja longevidade chega a ultrapassar um milénio e que é o símbolo do Senegal. A banda, que reunia malianos, senegaleses, togoleses, filhos de marroquinos ou guineenses, produziu uma música que cruzava várias línguas e que fundia harmoniosamente o highlife ganês e nigeriano, as melodias wolof e as baladas da Guiné, os ritmos luxuriantes e incessantes da região de Casamansa e o son cubano, que era, na época, a grande sensação de Dakar.
Em 1987, a Orchestra Baobab, ultrapassada pelos acontecimentos, deu por terminada a sua existência. A Star Band, que estivera na génese da sua formação, fora regenerada e os seus membros mais jovens, incluindo a futura estrela Youssou N’Dour, saíram para fundar um novo grupo, os Étoile de Dakar, e um novo estilo, o mbalax, mais agressivamente ritmado e que rapidamente se transformou no preferido da juventude senegalesa. De repente, a Orchestra Baobab parecia velha e anacrónica. Os seus músicos, porém, recusaram forçar a modernização e seguir a moda, para proteger a sua identidade.
Em 1989, porém, a World Circuit resolveu editar “Pirates Choice”, álbum de 1982 e a Orchestra Baobab começou a ser conhecida no Ocidente. Em 2001, a editora inglesa reeditou o álbum, com canções extra e o sucesso foi tal que a banda, separada há década e meia, recebeu um convite para atuar no Barbican, em Londres. Daí para cá, correram o mundo em digressão e editaram dois álbuns, “Specialist in All Styles” (2002) e produzido, curiosamente, por Youssou N’Dour e “Made in Dakar” (2007). O mbalax passou à história e a Orchestra Baobab mantém-se firme, tão ricamente lúdica, fascinante e elegante como sempre.”
(01) Utru horas (8:39) Pirates Choice
(05) Cabral (4:32) Made in Dakar
(01) Pape Ndiaye (3:41) Made in Dakar

2ª hora: Ora Sittner (Israel)
Ora Sittner, natural de Israel, recupera os cantos hebraicos antigos, que a acompanharam na infância e que, nessa altura, ensinavam as gerações jovens a amar a terra israelita. O que faz Ora Sittner é o que se considera uma releitura da tradição hebraica ancestral, através do canto, de uma voz intimista, que progride como se cantada para subsistir sem acompanhamento instrumental.
Da discografia de Ora Sittner fazem parte álbuns comos “Mostly Love" (1993), “A Nigun Vos Loift Mir Noch” (1993), ”Sacha Argov and Ora Sittner” (1994), “Sings Sacha Argov” (2005), “Songs of Israel” (2006), mas é “Lamidbar: Hebrew Songs from Israel and the Orient” (Al Sur, 1995), em parceria com Youval Micenmacher que nos merece a atenção e o destaque. A voz hipnótica de Ora Sittner e os batimentos de Youval no tof, zarb, daf, bendir, jarre, etc. seguem o seu caminho como se fossem criados para se bastarem a si próprios. As palavras são em hebraico e a música é a dos judeus que viviam nos países muçulmanos do Médio Oriente nos séculos antes da fundação de Israel. Mesmo as canções de há 600 ou 700 anos atrás soam simples e atuais. Nada de pretensiosismos, nem de precauções; apenas cantos e percussões solitárias, apenas música antiga e world music anti-folclórica, despojada, fascinante…
De um imenso repertório, Ora Sittner e Youval Micenmacher escolheram cantos pastoris, como “Lamidbar”, um tema dos anos 30, onde a voz pura e a percussão áspera soam sem artificialismos, com uma ternura rude e simples. Escolheram, ainda, os cantos yemenitas, como “Mahamad Lévavi”, “Dror Iqra” e “Orkha Bamidbar”, canções brilhantes onde Sittner e Youval misturam enredos e sons dissonantes e expõem, pela força da sobriedade, um Oriente profundo, refinado e sem efeitos, onde a percussão soa como um eco da voz. Escolheram, também, os Piyoutim, os poemas sagrados, que contam a extrema beleza, a exaltação e a imensidão do amor de Deus, como é o caso de “Qyria Yéféfyia”, uma canção do século XVI, com texto de um poeta místico de Israel.”
(16) Mahamad Lévavi (3:32)
(04) Lamidbar (3:58)
(18) Dror Iqra (2:47)
(01) Qyria Yéféfyia (4:00)
(19) Orkha Bamidbar (3:59)

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